4 de jul. de 2017

Capítulo 10 - De volta ao lar


História de dois ex-militares que amam o perigo e o trabalho.

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Capítulo 10
De volta ao lar

Resumo do capítulo anterior: Pedro e Marta fortalecem o casamento; André liga para os pais e avisa que já está voltando; Eduardo reaparece na cidade; Pedro e Marta são assaltados e Pedro é baleado.



Melhoras




Em Colina Formosa, Marta se encontra na pequena capela do hospital.



E seu filho chega finalmente em casa.


— Mãe! Chegamos! Cadê a senhora?!! Ué? Até agora ela não veio nos ver e conferir meu penteado? – André perguntou a Carol, após o táxi partir e ninguém aparecer para recepcioná-los.


— Ela deve ter ido amolar a tesoura para cortar este cabelo, mas acho que ela vai pensar num xampu para tirar essa cor também. Talvez te jogue no lago para tirar mais rápido! – Carol respondeu, pois conhecia a sogra.


Os dois acabaram rindo muito com a possibilidade, pois André era, em geral, muito sério, mas perto dos parentes, não perdia a chance de zoar. E Carol, que era mais séria que ele, aprendeu a se soltar mais e gostava de ver isto na família dele: todos ali implicavam uns com os outros, mas se amavam e se protegiam de igual maneira.
Quando chegaram na porta, foram recebidos por Silvana.


— Que bom que vocês chegaram. Garoto, que cabelo feio é esse?!!– Silvana comentou, surpresa com o novo visual de André.
— Oi, Tia Sil! É só uma peruca para assustar minha mãe. Cadê meus pais? — André perguntou.
— Marta não te falou por telefone?
—  Não. O que houve? Tô ficando preocupado!
— É a cara dela não te falar para te proteger. Na sexta passada, os seus pais foram assaltados e seu pai foi baleado.
— E ele reagiu? – Carol perguntou preocupada com Pedro e analisando a reação do marido.
— Não. Logo após pegar os celulares e a carteira de Pedro, o assaltante atirou e fugiu. O táxi, que seus pais já tinham chamado, chegou e os levou ao hospital. E sua mãe me ligou no dia seguinte. Eu e as outras estamos revezando, cuidando dela no hospital ou cuidando da casa. E o cachorro está na casa de Martins. Os meninos estão colhendo as frutas do pomar para não apodrecer. Como sempre, uma parte irá para o meu restaurante e o dinheiro ajudará a pagar os custos. – Silvana esclareceu. – Ela também me pediu para ficar aqui para recebê-los, mas estou tão ocupada lá nos fundos, que nem te ouvi.


— Tudo bem, Tia Sil. – André sempre tinha chamado Silvana de Tia Sil, mesmo ela não tendo ligações de parentesco com ele.
— Mas ele está bem? E eu liguei para ela no sábado e ontem, e ela não comentou nada! – André estava perplexo, pois a cidade era calma e segura.
— Ele está na UTI e está vivo, mas o caso dele é grave. Ele perdeu muito sangue.
Silvana chamou os garotos que estavam no quintal para ajudar a carregar as coisas. André estava sem ação.


— Eu devia ter vindo antes. Eu deveria ter impedido o assalto.– André disse.


— Conheço esse jeito de falar. Nada de se culpar. Não tínhamos como vir antes. Não havia avião e nem ônibus antes da noite de ontem, quando pegamos o primeiro avião disponível, lembra? Não teríamos como imaginar o ocorrido. E mesmo se soubéssemos, não poderíamos criar asas e vir voando!
Carol usou de lógica para animar seu marido, que estava se sentindo culpado por não estar ali presente na hora do assalto. Ele também pensava na questão de estar se divertindo no mesmo horário, o que o fazia se sentir pior.
— Temos de ir ao hospital e ajudá-los.
— Acho que podemos ajudá-los de outra forma. As amigas de D. Marta e de Seu Pedro já estão lá, enquanto Seu Eduardo e o bandido estão soltos.
— Tem razão.


— Então, qual é o plano, Chefe?
André nunca tinha sido seu chefe, mas Carol sabia que seu marido era um homem de ação e logo voltaria ao que era se tivesse uma tarefa a cumprir. Chamando-o de Chefe, automaticamente ele sentiria a necessidade de passar logo à ação.


— Vamos nos arrumar e te digo o que faremos enquanto isso. Não posso fazer o que precisamos com esta peruca em minha cabeça!


Depois das palavras de ânimo de Carol e de estar vestido para o trabalho, André se sentiu pronto para salvar o mundo. Ou pelo menos ajudar a prender Eduardo.




Oração e Prisão




Marta estava na capela do hospital, orando por Pedro, quando foi chamada por Estela:


— D. Marta, Seu Pedro foi finalmente liberado para o quarto, mas quero alertá-la que ele ainda está inconsciente.
— Mas já está melhor. É o que importa agora.
— Então vou para lá, e a senhora trate de comer algo. Nem saiu deste hospital nesses dias.
— Depois penso nisso. Preciso mesmo é ver meu marido. – falou Marta, que nem estava se arrumando como sempre fazia antes.

No quarto, após o médico sair, Estela recebeu uma ligação da escola dos filhos, enquanto Marta pensava na nova situação.


— Alô? Sim, sou Estela Ribeiro, pode falar.


— Minha filha estava brigando com uma colega? Como assim? Quem era a outra garota? Era Juliana, entendi. Vocês ligaram para meu marido, mas o telefone estava fora de área. Estou indo aí.


Mesmo sem querer, Marta estava ouvindo a conversa.


— Desculpe, D. Marta, mas terei que sair. Voltarei logo.
— Foi Sandra?
— Foi. Com certeza estava brigando por causa do namorado.
— Eles falaram algo a respeito? Sobre quem começou? Ou sobre quem está errado?


— Não, mas nem precisa. Escola é lugar para se estudar, e não pra namorar ou brigar por namorado. Que absurdo! Ela irá me ouvir.
— Capaz de sair nos jornais contra você, dizendo que a escola é local de convívio e etc.
Estela era jornalista investigativa e, por isso, muito conhecida, e seus concorrentes e inimigos poderiam usar isso contra ela.
— O que vão falar de mim, não me preocupa. O que me preocupa é o comportamento dela. Cada um é responsável por seus atos, e cabe a mim e ao pai alertarmos a ela disso! Daqui a pouco ela é adulta e não pode continuar assim! Se a imprensa marrom achar ruim a minha filha brigar na escola e eu ir lá dar bronca nela, é mais uma prova do quanto a mídia sensacionalista é imbecil, já que para eles tudo é permitido, com exceção de se estar contra eles.
Marta admirava a coragem dela, e por isso mesmo disse:
—  Com ou sem notícia, é melhor você ficar com a sua menina. Ela precisa muito de você agora. E logo meu filho virá ficar comigo.


— Ele já ligou? – Estela perguntou.
— Não, mas ele deve estar chegando agora lá em casa. Não vai demorar e logo estará aqui.
— E a senhora ficará bem? Irá se alimentar? A senhora mal tem comido!
Estela estava muito preocupada com o estado de saúde de Marta, pois o estado de Pedro já estava normalizado.
— Criança, tenho idade para ser sua mãe! Se eu dei de comer a André, vou saber alimentar a mim mesma. Fique tranquila e cuide de sua menina. – Marta respondeu.





Enquanto isso, Carol e André foram direto à polícia para entregar os documentos e o vídeo (do ex-chefe de polícia Guilherme Vieira) ao delegado. Também procuraram um advogado para agilizar o processo “Fagundes contra Couto”, pois, ainda em San Myshuno, eles tinham entrado em contato com um advogado indicado pela própria organização deles no Segundo Império.


E eles tinham a suspeita que Couto estivesse envolvido na tentativa de assassinato de Pedro, já que o chefe de polícia também confirmou que aquele modus operandi não era comum naquela região.
juiz de plantão, com base em todas as provas até o momento, mais os indícios daquele roubo seguido de tentativa de homicídio, pediu a prisão preventiva de Eduardo Couto, pois viu que ele era uma ameaça à sociedade enquanto o processo continuasse. E o processo, no Segundo Império, tinha acabado de começar.


De lá, se dividiram: Carol foi para o hospital e André foi direto para a casa de Eduardo.




No quarto onde Pedro se encontrava, Marta estava ainda preocupada e triste pelo marido, que não acordava.


E Eduardo chegou para “visitá-los”.


— Oi, Marta!
—Eduardo! O que você faz aqui?


— Esses dias eu vim, acompanhado de minha filha, visitar você e Pedro, mas soube que ele estava na UTI e eu nunca te achava. E hoje recebi a boa nova que ele saiu do isolamento. Suas amigas nunca me disseram onde você estava exatamente. Eu sempre perdia tempo te esperando ou rodando o hospital te procurando, até acabar a hora de visitas.
Marta sabia que as amigas não iam com a cara de Eduardo, mas evitavam um confronto direto com ele. E Marta não queria que as amigas fossem vistas como mentirosas, covardes ou más. Ela preferia receber o nome de malvada e grosseira do que ver um amigo ou parente sendo chamado assim.
— É que eu nunca fiquei parada. Acho que foi por isso o desencontro, mas você deve imaginar que eu não estava no meu melhor momento. Eu não queria ver ninguém, principalmente você.


— Quando eu disse em sua casa que queria voltar a ser amigo de vocês, eu estava sendo sincero. E amigos se ajudam nessas horas.
— Sei, mas há muito você deixou de ser nosso amigo.
— Peço desculpas mais uma vez. Naqueles momentos eu estava carente e por isso confundi as coisas.
— Mesmo assim...
— Pedro sempre foi altamente profissional comigo. E você e eu nos conhecemos desde a adolescência. Pelos velhos tempos, me dá uma chance, por favor, para mostrar que a minha intenção de ser amigo de vocês é verdadeira.


— E como seria? Pedro nem responde! Antes era tão ativo, cheio de energia e personalidade e agora...
Ela está chorando pelo idiota! Que perda de tempo!”, Eduardo pensou, mas apenas disse:


— Posso pagar o hospital e mandar interná-lo nas melhores clínicas do país. O hospital aqui tem pouco pessoal e ele merece um tratamento melhor do que é oferecido aqui. 


— Nada disso! O pessoal daqui é bom e o hospital é excelente! Ninguém o tira daqui. – Marta declarou.
Marta continuava a ter dúvidas do novo "bom-caráter” de Eduardo. Ela queria o apoio de um amigo, mas ela mesma pediu que Estela fosse cuidar de sua família, e mesmo que Eduardo tenha dito que tinha mudado, e a lógica dissesse que nada relacionava Eduardo ao ocorrido, sua natureza desconfiada a alertava a não confiar em Eduardo. Ela mesma lamentava estar se sentindo sem forças emocionais para brigar ou argumentar naquela hora. Ela sentia como se a mente estivesse embaçada para notar qualquer informação mentirosa.
— Sente aqui no sofá um pouco. Parece mais confortável que esta cadeira de plástico. – Eduardo pediu à Marta, e depois continuou quando ambos se sentaram no sofá: – O que aconteceu exatamente e o que o médico falou do estado de Pedro?


Marta relatou todo o ocorrido e as recomendações do Dr. Tiago, que já era cardiologista de Pedro.
— Como Pedro está fora de perigo, o doutor acredita que ele irá acordar mais rápido se estiver na presença da família e de amigos. Por isso, ele foi transferido logo para o quarto. – Marta completou.


— Que bom. Fico muito feliz pelo perigo maior ter passado. – “que velho teimoso! por quê não bate logo as botas?”.
— E espero que a recuperação seja mais rápida do que ele previu. Ainda mais que logo chegarão o meu filho e a esposa.
Marta queria deixar claro para Eduardo que aquele quarto logo teria mais gente que gostava realmente de Pedro. Apesar das desconfianças, ela não se sentia com forças emocionais para brigar com ninguém. Se tivesse mais alguém ali, mesmo sua nora, seria melhor.


— Seu filho já casou. Que bom! Estou surpreso, pois pensei que ele era do tipo “eterno solteiro”. E logo vocês terão netos pela casa. – Eduardo comentou, enquanto pensava: “Que ótimo! O ‘Idiota Júnior’ casou com uma 'Idiota Fêmea’ e agora terá um monte de ‘Idiotas Netos’! Se ela tivesse casado comigo, teríamos filhos inteligentes, iguais a minha filha.
— Verdade, mas ele casou e logo ele e a esposa estarão aqui.


— Seu filho estava no restaurante, mas acho que não vi a esposa dele. – Eduardo lembrou.
— Vou ficar sentada perto aqui de Pedro. Quero que a primeira pessoa que ele veja seja eu. Tem comida aí na gaveta, que as garotas deixaram. Se quiser, pode se servir à vontade. – Marta desconversou. E ela sempre se referia às amigas como “garotas”,  não importasse qual a idade delas.
Marta não comentou que quem tinha apartado a briga entre ele e Pedro tinha sido a sua nora. Achou melhor que Eduardo não soubesse ou se lembrasse deste detalhe, para a segurança da própria Carol, pois, diferente de Eduardo, ela intuía que Carol nunca faria mal a ninguém, diferente de Eduardo, que tinha usado de táticas maliciosas nos jogos contra o time do marido. Eduardo preferiu se sentar perto da janela, para ver se a luz do Sol clareava suas ideias. Tinha que ter algo que pudesse ser feito.




Na casa de Eduardo, André e os policiais não encontraram ninguém, mas também não havia indícios de fuga. Dois policiais ficariam ali para o caso de Eduardo voltar e os outros iriam se dividir entre os pontos de saída da cidade e os outros possíveis locais onde Eduardo estaria.


Quando Carol entrou no quarto, Marta estava sentada perto do marido, enquanto Eduardo estava no sofá. Como ele estava muito inquieto, constantemente mudava de lugar.


— Oi, gente! — Carol cumprimentou, mas olhando Eduardo com cara de poucos amigos, mas conseguiu se controlar, pois ela não podia comprometer sua identidade.


— Carol! Que bom que chegou. Eu estava falando com Eduardo agora mesmo de você! – Marta comentou.


— D. Marta, assim que soube vim logo para cá! – Carol falou, enquanto dava um abraço na sogra, pois viu que a sogra estava fragilizada emocionalmente. Para sua surpresa, o abraço foi imediatamente aceito. Ela imaginava que Marta tinha alguma coisa em mente.


Marta fez algumas perguntas sobre a viagem. Ela notou a ausência do filho, mas não queria falar sobre isso na frente de Eduardo. Inconscientemente, ela queria proteção, e não podia deixar claro a Eduardo que estava vulnerável, caso o filho não aparecesse logo. E a companhia da nora, querendo ou não, sempre fez bem ao seu filho e o seu marido gostava dela.
Já Eduardo analisava a jovem, pois sua mente lhe dizia que ela era familiar. Ele se lembrava de que no restaurante uma jovem ruiva separou a briga, e logo apareceu a polícia para detê-lo, mas não teve a chance de ver o rosto da garota, pois, além de estar escuro, ela rapidamente o virou de costas, prendendo seus pulsos. Será que era a mesma? A outra lhe parecera bem forte em comparação com aquela a sua frente.


Marta apresentou os dois.


— Eduardo, esta é a minha nora, Carol. – disse Marta.


— Acho que já a vi em algum lugar. Você é daqui? – Eduardo perguntou à Carol.
— Não sou daqui, não, mas meu rosto é bem comum. O senhor  deve ter encontrado alguém parecido comigo, pois nem moro aqui. – Carol percebeu que a sogra escondeu de Eduardo o fato de que Carol o rendeu. Carol manteve esse jogo, e se perguntava como ele podia não perceber que eram parecidos, e nem lembrar que ela o tinha detido.
— Se me dão licença, preciso ir ao banheiro. Foi um prazer conhecê-la, Carol. Gostei de você, logo voltarei para conversarmos.
— Tudo bem, Seu Eduardo.


Assim que Eduardo saiu do quarto, Carol perguntou à Marta:
— Tem algo em mente, D. Marta?
— Nada, mas não confio naquele homem, mas também não sei como acusá-lo. O passado parece tão sem importância agora.
— Preciso que confie em mim. Tenho um plano para saber se o passado está ou não interferindo no presente. Mas não temos muito tempo. Precisamos pô-lo em prática agora!


— O que pretende fazer, menina?
— Mande uma mensagem ou ligue para André e avise que Seu Eduardo está aqui.
— É para já!



Enquanto Marta mandava uma mensagem para o celular de André, Carol escondia receptores de áudio e minicâmaras espalhados pelo quarto. Até deixou a sua caneta com microfone na mesinha de canto, pois ia captar bem o som vindo perto de Pedro. O truque era velho, mas sempre funcionava, já que a caneta parecia a mais barata de todas.


— Faremos o quê, agora? – Marta estava entre curiosa e apreensiva.
— Vamos dar chance para ele falar se fez alguma coisa, enquanto aguardamos lá fora.
— Mas se ele fizer algo contra meu marido?
— Se ele for burro para isso, estaremos atrás da porta para impedir. Só não posso prendê-lo efetivamente. Vamos ouvir tudo o que se passa. Se ele não tiver feito nada de errado desta vez, melhor para ele.
— Menina! Tô quase com medo de você agora!
Assim que Marta falou, Eduardo chegou ao quarto.


— Como o banheiro daqui é longe! Está com medo do quê, Marta?
— De Carol, coitada! Quando pus ela a par de tudo, ficou muito triste com o ocorrido. Já pensou se ela entra numa depressão ou coisa pior? – Marta inventou na hora.
— Seu Pedro é quase como um pai para mim. Não podemos perdê-lo. – Carol falou, triste.
— Quero levá-la à capela aqui do hospital. Aquele lugar me deu muita força quando Pedro estava na cirurgia. Você fica aqui, para se caso o médico ou enfermeira aparecer?
— Claro, não se preocupem!


Assim que elas saíram, Eduardo pensou em voz alta:
— Finalmente tenho a chance de me livrar de você, Idiota! Pena que não conheço mais ninguém daqui. E nunca mais confio naquele pessoal do Quarto Império, mas nem tenho como contatar alguém agora. Só preciso saber como faz para desligar isso, sem chamar a atenção e sem deixar rastros.


Para o azar de Eduardo, ao invés de Carol entrar no quanto, entraram os policiais para prendê-lo.
— Está preso, Sr. Eduardo. Levante as mãos!
— Mas o que vocês estão fazendo? Ameaçando um pobre velhinho como eu! Ai meu coração!


Após recitar o texto de prisão e direitos de Eduardo, o próprio policial declarou:
— Pobre? A gente te conhece. O senhor não irá comprar ninguém aqui, como está acostumado a fazer. E seu coração deve ser mais forte que o de todos aqui juntos.


André, Marta e Carol puderam então entrar no quarto. Carol e André estavam muito indignados com todo o ocorrido, mas Marta só pensava no risco que seu marido correu naquela hora.


Carol foi retirar seus aparelhos eletrônicos e guardá-los com cuidado, enquanto o policial conversava com André sobre a importância daquelas gravações e todas as prováveis consequências no processo, pois não tinha sido pedido antes um grampo. Como era algo fora da competência dele, temia que não pudessem usar contra Eduardo, valendo apenas o flagrante, mas André sabia que a organização SCIA, à qual pertencia, poderia ajudar com aquilo, pois a SCIA não estava acima da lei, mas estava acima da força policial.
— Amanhã ou depois precisaremos fazer uma varredura na casa do meliante. Só vamos aguardar a autorização do juiz. Gostaríamos da sua ajuda e da outra agente. – o policial disse.
— Tudo bem. Pode me chamar assim que o documento sair.


Marta conhecia Eduardo desde a adolescência e estava chocada já que nunca notou tendência à violência ou assassinato por parte dele. E se ele tivesse desligado os aparelhos antes dos policiais entrarem? Ou se os policiais tivessem atirado e o tiro pegasse nos aparelhos ou em seu marido? Eram tantas possibilidades! O fato é que seu marido estava vivo e Eduardo estava preso, mas ela ainda estava assustada com tudo aquilo.


Depois que os policiais foram embora com Eduardo, Marta pôde expressar seus receios ao filho e à nora, que explicaram a situação:
— Eles são treinados. Só atirariam se fosse necessário e acertariam apenas alguma parte do corpo que não seja vital, como braço ou perna. A ideia principal é assustar, intimidar e imobilizar. – André declarou.


— Seu Eduardo não tem o perfil de ser reacionário. É mais do tipo de mandar terceiros fazerem algo. E só em último caso, ele mesmo comete o ato. Se não fosse assim, eu não teria sugerido esta armadilha. E quero agradecê-la pela sua colaboração. A senhora teve a ideia de não me entregar ao Seu Eduardo. Isso foi de muita ajuda. – Carol completou.
— E a senhora ainda permaneceu aparentemente calma. E ainda confiou em Carol para dar a chance do próprio Eduardo de se enforcar. Gostei de ver, mãe!
— Bobos! Até parece que fiz algo. – Marta ficou constrangida, pois não estava acostumada a agradecimentos e elogios.
— Fez e muito! A senhora teve a ideia de reter Eduardo aqui, enquanto Carol ou eu chegava, e ainda confiou nela para fazer o que era preciso. E pelo que Carol contou, foi a senhora que deu a desculpa para saírem do quarto, deixando Eduardo sozinho com pai. A senhora aprontou a armadilha.
— Eu só não queria que a situação piorasse e que tudo fosse resolvido logo. Vocês estão exagerando as coisas.


Logo o médico chegou, pois com tantos policiais no local, ele se preocupou com seu paciente. Ele nem tinha sido chamado, embora este tenha sido o primeiro ímpeto de Marta, mas André e Carol viram que o estado de Pedro permanecia inalterado.
— Pelo menos meu paciente não acordou em meio a esta agitação. Virá alguém esta noite? A senhora tem que descansar, D. Marta. Meu turno já vai acabar daqui a pouco e se a senhora precisar, eu nem estarei aqui para te ajudar. Virá outro médico atender.
— E vou deixar meu marido aqui sozinho?
— Ficarei aqui com ele, D. Marta. – Carol se prontificou.
André prestava atenção na conversa e também no médico.


— Acho que vocês tem razão. Esses dias eu mal dormi. Tô cansada. Confio em vocês para ficarem com Pedro. – Marta falou bocejando, enquanto analisava que Carol sempre ajudava a família e parecia mesmo gostar deles. Marta passou a considerar que talvez ela estivesse mesmo errada em manter aquela briga.
— Pode ficar tranquila, D. Marta. Cuidarei bem dele. – Carol garantiu.
— E eu vou para casa com a senhora. Tenho que adiantar umas coisas e depois volto para trazer algo para minha mulher.
André nem deu ênfase em “minha mulher”, pois achou que não precisava deixar mais claro para o médico que a ruiva não estava disponível. E ele confiava em Carol para deixá-la sozinha, por isso, sabia que podia ir para casa com a mãe, mas não sabia dizer se o Dr. Tiago aproveitaria a chance para dar em cima dela. Como profissional, ele era confiável; já como pessoa, André não tinha ideia.




Descanso e Paixão



Quando André e Marta chegaram em casa, já era quase final do dia.


— Sabe filho, tenho muito defeitos, mas burrice não está entre eles. Acho que você me deve algumas explicações.
— Sim, mãe. Tenho que te falar muitas coisas. E tenho até novidades para a senhora e o pai, mas prefiro falar tudo com Carol presente, pois ela é a maior responsável por tudo o que vou falar. Pode ficar para amanhã, quando estivermos todos juntos? Pois pretendo ficar no hospital e pedir que ela volte para casa.
— Agora que lembrei: Rosa Verdeclaro se voluntariou para passar a noite lá. Vocês dois podem voltar.
— Rosa tem criança pequena em casa. É melhor eu passar a noite lá e Carol volta. A senhora desmarca com Rosa, come alguma coisa e vai dormir. E cadê Carrapato?
“Meu filho é mais cabeça-dura do que eu e o pai juntos.” Marta pensou.
— O cachorro tá na casa de André Martins. O filho dele se afeiçoou muito ao cachorro. – Marta respirou fundo e continuou – Tudo bem! Desmarco com Rosa. Ela tá mesmo muito atarefada estes dias, pois a filha vai fazer aniversário, mas se Carol não quiser voltar sozinha, fique lá com ela. Faça companhia à menina. Eu estarei bem e ela é quase tão teimosa quanto você.
— E a senhora ficará sozinha aqui?
— Sei me cuidar. Qualquer coisa, ligo para vocês.
O filho deu um abraço apertado na mãe.


— Obrigado, mãe.
— Por que o agradecimento?
— Por entender que também preciso ficar junto de meu pai.
— Bobo! Largue de besteira! Farei comida para comermos e você vai levar também para a sua esposa, pois naquele hospital a gente fica doente com aqueles lanches. Tudo porcaria! Depois você segue seu caminho e eu vou dormir.
— Tá ficando mole, D. Marta? Tratando bem Carol e Rosa?!! – André resolveu tirar sarro da mãe para aliviar a tensão no ar.
— Depois me lembre de te dar uma coça, atrevido!


Enquanto a mãe preparava um jantar leve, e algo para André levar ao hospital, antes de pensar em banho e trocar de roupa, André fez um relatório para o chefe, além de cópia das gravações antes de entregá-las à polícia (o  delegado já ficou alertado de antemão que eles fariam isso). Ele queria terminar logo com aquilo, para garantir uma longa estadia de Eduardo na prisão.
O notebook era de Carol, pois seu computador tinha ficado na casa deles, mas ela criou dois usuários, para cada um ter privacidade e seu próprio espaço personalizado, mas os dois conheciam a senha um do outro, e quando trocavam a senha (o que acontecia até duas vezes por semana), contavam ao parceiro, para que houvesse confiança e também, se algo acontecesse com um deles, o outro ter acesso aos dados, para prosseguimento dos trabalhos. Isso não era um método profissional, mas era o método deles. Mas nenhum dos dois nunca usou deste conhecimento para acessar a conta do companheiro, tamanha era a confiança e respeito à individualidade do outro.


Antes de sair, Catarina e Betty chegaram para passar a noite com Marta, que não estava acostumada a dormir sozinha. André pôde sair de casa sabendo que a mãe estaria bem acomodada e segura, pois estava preocupado com o pai, mas a saúde da mãe também lhe era importante.
— Vá dormir e vê se não apronta, hein, D. Marta!
— Eu nunca apronto. Sou bem comportada. Agora, vá lá ver seu pai, que vou descansar e amanhã trocarei o turno de vocês.
E se despediram.
Quando ele estava longe, Catarina e Betty comentaram para distrair a mente de Marta:


— Se não fosse seu filho, eu tentaria ter algo com ele. – Betty alfinetou Marta.
— Se ele não fosse casado já, ele teria ficado comigo. – Catarina também não perdeu a chance de tirar onda com a amiga.
— E eu seria a sogra de vocês duas! Que tal?
— Que horror! – Betty exclamou.
— Eu não quero você como sogra! – Catarina justificou.


As três riram de tudo juntas. Marta estava se sentindo mais tranquila e confiante depois que seu filho retornou.







No hospital, o médico verificou pela última vez naquele turno, os sinais vitais de Pedro.


— Está tudo bem. Renovei a medicação para ele não sentir nenhum desconforto, mas espero que logo ele acorde, com a proximidade de vocês. – Tiago falou com Carol.
— Também espero.
— Quem ficará aqui à noite com ele? Você ou sua sogra?
— Serei eu. Ela precisa descansar. Já deixei registrado na recepção que serei a  acompanhante dele hoje.


Tiago reparou quando ela mexeu com o pescoço.
— Dor no pescoço?
— Não. É só que eu e meu marido viajamos por muitas horas com dois translados ainda. E nenhum de nós conseguiu dormir nos voos.  Saímos do avião direto para um ônibus desconfortável. E só depois que chegamos, ficamos sabendo do acontecido.
— É melhor outra pessoa ficar aqui.


— Pode ser, mas estamos preocupados com Seu Pedro. André deve estar pior que eu, e nem deve perceber isso. Disse que vinha para cá depois.


E Carol teve a ideia:
— O senhor viu quando meu marido disse que traria algo para mim, mas provavelmente ele vai querer que eu volte para casa. Sei que a norma é somente um acompanhante, mas o senhor libera ficarmos os dois aqui?


— Isso é contra o regulamento. E também tem o médico do próximo turno e as enfermeiras...


— Por favor! Não causaremos nenhum tumulto e nem nada.
Tiago começou a ponderar quando viu o sorriso dela.


Tiago nunca contaria a ninguém, mas desde que Carol lhe sorriu pela primeira vez, quando Pedro foi internado ali anteriormente, que ele tinha se interessado por ela. Tiago tinha consciência de que Carol não estava lhe paquerando, mas o sorriso e o olhar de agradecimento pela atenção dada a Pedro e por ele ter lhe receitado uns remédios, tinham mexido com ele. É como se Carol tivesse visto nele um super-herói, o que ele sabia ser impossível, pois era dever dele cuidar dos pacientes e o carinho dela pelo marido era visível. Ele imaginou que era apenas ego inflado, mas o sentimento ainda estava ali.


— Por favor! Libera essa! Foi um choque para mim e meu marido sabermos disso apenas quando chegamos de viagem. Quando ele chegar aqui, fará questão de ficar com o pai, mas do jeito que está cansado fisicamente e com o emocional abalado, ele será de péssima ajuda se Seu Pedro acordar durante a madrugada. – Carol tornou a insistir.
— Tudo bem. Falarei com a enfermeira de plantão.


— Obrigada por nos ajudar, doutor.


Se Tiago tivesse se virado quando saiu do quarto de Pedro, teria visto novamente o sorriso e o olhar que tanto o encantaram.
Quando ele saiu, Carol se levantou e agiu como se Pedro pudesse ouvi-la.


— Bem, Seu Pedro, segundo o médico, o senhor será liberado dentro de uma semana ou mais, pois só falta o senhor acordar, já que o pior já passou. Mas eu imitarei D. Marta, se permitir.
Carol começou a fazer uma prece, mas estava sem prática. Logo André entrou sem bater e sem fazer barulho. Sua esposa estava brilhando novamente. Ele não tomou por surpresa, pois já estava pesquisando aquele fenômeno, embora não tenha encontrado nenhum relato.


Enquanto ouvia a esposa fazer a prece, ele concordava com as palavras ditas, mas mal as captava, pois a voz de Carol e a energia azul que saía dela lhe trazia calma. E ficou sorrindo feito um bobo, pois estava achando a visão linda.


De tão concentrada, Carol nem notou a presença dele, mas a sua prece era breve, e por isso, logo acabou.


— Eu e minha família confiamos que o senhor restabelecerá a saúde de meu sogro. Obrigada por me ouvir e desde já agradeço a sua intervenção, ó Grande Prisma.


Quando Carol se virou, André foi falar com ela:
— Obrigado por pedir pela saúde de meu pai.
— Não tem nada a me agradecer! Sabe que gosto dele também.
Ela ainda brilhava, mas se comportava normalmente. André não se conteve e falou.
— Você está brilhando de novo. Tá linda!


— Temos que marcar um oftalmo pra você. – Carol disse sem acreditar nas palavras dele. – Mas a culpa é minha. Já anoiteceu e nem liguei a lâmpada. A diferença entre o corredor bem iluminado e este quarto escuro deve estar fazendo você ver coisas.
Enquanto falava, Carol perdeu o brilho azulado. André fez uma anotação mental daquilo.
Depois das lâmpadas serem acesas, André voltou à realidade, mas sua mente não estava mais tão preocupada como minutos antes.


— Como ele está? Melhorou desde que eu saí? – André perguntou.
— Ele está melhor que você. Vamos sentar.


Depois que se sentaram, Carol perguntou:
— O que é isso na sacola?
— Roupas para você se trocar e comida que minha mãe mandou. Mas acho melhor você ir, para não ficar muito escuro. Aqui costuma ser calmo, mas depois desta... todo gato escaldado tem medo de água fria, né?
— Não se preocupe quanto a isso. D. Marta está bem?
— Está. A deixei pronta para ir dormir e está com as amigas. Terá de dormir no sofá, pois elas com certeza ficarão em nosso quarto. Isso a incomoda?
— Claro que não! São senhoras idosas. Dormir no chão é que não vão!
—  Coma algo para restabelecer as forças e volte para descansar.
— Nada disso! Meu celular descarregou, e eu não trouxe carregador, por isso nem liguei antes, mas eu pedi e o médico liberou para ficarmos aqui juntos durante a noite. Muito gentil da parte dele, não é?


— É. Muito gentil. – André confirmou de má vontade.
— O que houve?
— Nada!
Carol estranhou. André não era falastrão, mas também não era de respostas curtas.
— O que é? Fala logo o que está pensando que te deixo em paz.
— O médico tá dando em cima de você?
Carol se surpreendeu com a pergunta.


— Como é que é? Claro que não! Que ideia. Ele nem gosta de mim!
— Sei. Eu também não gosto de você. – André ironizou.
— Tá com ciúme?
— É claro que não! Nem conheço esta palavra!
Depois de alguns minutos, André quebrou o silêncio:


— É o seguinte: ele gosta de você! Eu já tinha notado, mas  nunca falei antes e é algo que de vez em quando me consome! Reparei quando a gente foi na consulta. Vi o olhar dele e não era o de um médico passando xarope para gripe.


— Será? Não percebi nenhum sinal. Que vergonha! Eu pensei que era apenas atenção e gentileza, pois nem me visto de forma a ficar mais... – Carol tentou achar a palavra adequada, mas lembrou após alguns segundos – atraente! Não visto curto e nem decote. Será por causa do dia da festa? Eu usei aquele vestido decotado para você, mas depois me esqueci dele.
— Não é necessário decote. Você é linda e boa! Até cego se apaixonaria pela sua beleza, que está no seu sorriso, no seu olhar, na voz, na sua gentileza com todos. Quando você sorri, parece que o mundo é mais bonito. Você parece flertar quando está sorrindo.


— Então vou me policiar para deixar de sorrir tanto. Será que usar óculos ajuda? Você disse que minha voz é bonita, mas nem canto! – Carol lembrou.
Carol estava pensando seriamente nas possibilidades, pois desde que seu padrasto tentara violentá-la, ela fazia de tudo para não chamar atenção. Por isso que a maioria de suas roupas eram formais e o cabelo quase sempre estava preso ou na altura do ombro. Só depois de namorar André, que ela passou a usar roupas curtas ou descontraídas, para poder parecer mais jovem e feminina para ele.
André a abraçou pelo ombro:


— Nunca faça estas barbaridades! Se você for usar óculos, só se precisar ou se querer. Passe até a cantar se quiser, mas nunca deixe de sorrir. Se quiser usar decote, pode usar. Um monte de homem irá procurar dentista depois disto, mas use decote à vontade. Eles já te olham nestes terninhos e saias que você usa. Nem fará tanta diferença! Só não ande pelada, senão nós dois seremos presos: você por desacato ao pudor e eu porque vou bater em muita gente!
— Mas você disse que...
— Que você é linda! E que qualquer um pode se apaixonar por você, pois é impossível o contrário! Seu sorriso é lindo e te deixa ainda mais linda. E faz parte de você. Se você não sorrir quando tiver vontade, estará se anulando. E isso é errado!
— Mas e você? E o médico e os outros?
— Eu tenho de controlar meu gênio e minha vontade de esmurrar cada um que olhar para você. E eles tem de saber distinguir se você está feliz ou se está usando de malícia. Se seu comportamento sempre gentil tivesse segundas intenções, talvez eu nem gostasse de você tanto assim como te gosto, porque nem seria você! Acho que não estou sendo claro, né?
— Acho que entendi, sim. Você não quer que eu mude; que gosta de mim exatamente assim; que você gosta mais de minha personalidade; e que confia em mim. Mas e o médico?
— Se ele for um idiota com você, como foi Rodolfo, eu sei que você pode cuidar dele, mas farei questão de ser o responsável por ele procurar fazer uma dentadura antes dos 60.
— Parece um ogro falando.
— Sou ogro mesmo. Sem problema.
— Então é o ogro mais lindo, carinhoso e zeloso que já vi. – Carol disse sorrindo. Ela gostava desta proteção de André, mas não tencionava usar decote. Não se sentia confortável com decotes e nem via necessidade em mudar o seu jeito. Só usaria se o trabalho exigisse um disfarce assim; e continuou – Então você se apaixonou pelo meu sorriso?



André ia falar que quando a viu pela primeira vez, a única coisa que ela não fazia era sorrir. E ele se apaixonou perdidamente!
Mas antes de falar algo, André se lembrou que estava num quarto de hospital e se afastou, com medo do pai acordar e vê-los ali abraçados. Carol achou engraçado, mas entendeu a reação. Sugeriu que ele dormisse, o que foi repelido. Ele  também sugeriu que ela descansasse, mas ela também rejeitou a ideia. Os dois queriam ficar acordados com Pedro.


André nem telefonou para a mãe confirmando que os dois ficariam ali, por mais que Carol insistisse, já que Marta previu a possibilidade dos dois passarem a noite no hospital.
— Se ela já não estiver roncando, estará fofocando com as amigas.
Carol percebeu que o marido olhava para Pedro, com olhar de culpado por não ter evitado o assalto, então puxou conversa para distraí-lo.


— A maioria de seus amigos já tem filhos adolescentes. E você é um pouco mais novo que eles. Fiquei curiosa. – Carol declarou.
— A maioria daqui casa logo cedo, com a primeira namorada que teve e assim que completa 18. Eu fui exceção. E nunca me dei bem com os garotos de minha idade.
— Vai me dizer que não tinha namorada antes dos 18 anos! – Carol achava aquilo impossível, pois André quase nunca se arrumava, mais mesmo assim, ela o achava muito bonito. 
— Não vamos falar disso. Você vai se zangar.
— Talvez sim; talvez não. Tente!


Depois de uns minutos forçando a memória, André lembrou dos detalhes:
— Já tem muito tempo! Mas quando era adolescente, eu não gostava de ninguém de forma séria. Quando namorei realmente uma garota, a gente terminou antes de eu completar 18. E só.


— Desenvolva! Tem mais história por trás disso.
André achou graça da forma dela falar e continuou:
— Eu tinha uns 17 anos e comecei a namorar uma garota, que tinha vindo morar com os avós. Ela tinha a minha altura e daí pensei que tinha a minha idade. A gente se gostou, e saíamos juntos, mas um dia ela pediu para aprofundarmos o relacionamento. Eu pensei que era cedo demais para apresentá-la aos meus pais e eu falar com os avós dela, mas ela me disse que pensava em outra coisa, mas não dava e terminamos. E fim da história! Cheguei aos 18 sem ninguém e fui para a faculdade.
— “Outra coisa”?
— Sim. Outra coisa, mas não rolava. E acabou.
Carol fez cara de quem não aceitaria aquilo como fim da história, mas André estava constrangido pelo ocorrido e pelo pai estar ali. Pedro estava dormindo profundamente, mas era o pai dele e estava presente! E tinha coisas que não se falava com a esposa, porém Carol parecia não saber disso.


— Continue, por favor. Até imagino o que era, mas tem coisas que não estão encaixando. – Carol insistiu.


— Tá bom! Ela queria que a gente tivesse relações físicas. Eu pensei em marcar algo romântico e bonito para ela, mas um dia ela esqueceu a carteira, vi a identidade e notei que ela tinha cerca de 13 a 14 anos. Não lembro com exatidão da idade agora, mas ela era muito mais nova do que aparentava. Me senti um crápula. Foi quando percebi o motivo dela falar coisas de criança ainda. Me senti horrível e fui acabar com tudo entre nós. Ela disse que eu não era homem, e me deu um ultimato: ou faríamos algo ou terminaríamos. Eu já estava pronto para terminar de qualquer forma, pois ela era praticamente uma criança. E terminei. Uma semana depois ela se mudou, foi morar com a mãe, da qual ela nem comentava muito, e meus colegas de minha idade me perguntaram se eu não a tinha “pegado” antes dela se mudar, mas eu era quase adulto já! Me parecia indecente ficar com a menina.
— Quando eles perguntaram, qual foi a sua resposta? E você mencionou a idade dela para eles? – Carol pediu esclarecimento.
— Não falei nada. A maioria era moleque e via as mulheres como objetos. Se eu dissesse que tínhamos ficado, a chamariam de, no mínimo, vadia. Como eu nada falei, imaginaram que eu não tinha ficado com ela, e me chamaram de vacilão, de perdedor, por aí... E também não falei da idade, pois se ela fazia mistério disto, achei melhor guardar segredo também, pois se eles soubessem que ela era tão nova, a chamariam de vadia, tendo eu ficado ou não com ela.
Pelo tom de voz dele, Carol viu que ele tinha se sentido pior com as palavras da garota, do que quando os outros rapazes o xingavam e o abraçou para confortá-lo:


— Pois para mim, você foi muito homem! Provou sua humanidade, honradez e masculinidade ao não se aproveitar da ingenuidade e imaturidade da garota. Pelo que entendi, ela cresceu bem rápido e todos à volta dela devem ter forçado um comportamento de “mulher adulta” e ela deve ter pensado que sexo era o mais importante do pacote. E você ainda a protegeu das maldade dos outros garotos. Você agiu como um adulto responsável e maduro. Não é à toa que você não se dava bem com os garotos de sua idade.
— Não está chateada comigo ou com a conversa?
— Por que ficaria chateada?
— Falar de ex é estranho.
— Se fosse algo recente, talvez, mas você era um garoto ainda. E como você disse, na época ela era quase uma criança. Hoje ela teria a minha idade mais ou menos. Então, se hoje eu a visse e ela forçasse algo com você, não importa o motivo, aí sim, eu ficaria chateada, mas com ela.
André se sentiu bem depois da conversa, pois as palavras da garota o tinham magoado, mesmo ele sabendo que tinha agido certo. E estar ciente de que a esposa o entendia era sempre reconfortante.


Os dois conversaram por mais alguns minutos, incluindo a necessidade urgente de uma casa mais confortável e sem escadas para os pais dele, e até fizeram um lanche, mas o cansaço acumulado os fez dormir por volta de 04 horas da manhã.


Antes das 06 horas da manhã, acordaram. O tempo foi pouco, mas renovou as forças de ambos e foi o suficiente para desfazer o coque de Carol.
Foram logo ver Pedro.


— Ele ainda não acordou. Será que ele tá bem?
— Larga de ser bobo! Ele está se recuperando. Se eu dormi por 03 meses, 03 dias não é nada! E pelos gráficos do aparelho, está tudo normal.


— Não me conformo. – André resolveu dirigir-se a Pedro. – Pai! Levanta! Isso é hora de dormir?
— Aguarde aí que já volto. Tenho de arrumar este matagal. – Carol se referiu ao próprio cabelo.


— Por mim, você está ótima! Tá parecendo a cantora Amy Winehouse. Eu é que tenho de escovar os dentes.
— Ah tá! Tô ótima! Fala isso para a sua mãe, quando ela chegar.


— Não demoro e depois você se arruma e escova os dentes. De qualquer forma, você não vai beijar ninguém além de mim! – Carol concluiu quando chegava na porta.




Hora de Acordar


Música de cena: Bon Jovi – Livin' On A Prayer

*Se quiser assistir com tradução, sugiro este vídeo

Em casa, Marta ligou o rádio e passou a cantar uma antiga música de Bon Jovi, que já tinha recebido diversas regravações, mas ela preferia a original. Ela cantarolava enquanto se arrumava.


“For love, for love she says: "We've got to hold on to what we've got; 'cause it doesn't make a difference; If we make it or not; we've got each other and that's a lot; for love, we'll give it a shot”
*♪ “Por amor, por amor ela diz: ‘temos que nos agarrar ao que temos; porque não faz diferença se conseguiremos ou não; nós temos um ao outro e isso já é o bastante; por amor, nós iremos tentar"

“Oh, we're half way there; oh, oh, living on a prayer; take my hand, we'll make it, I swear; oh, oh, living on a prayer”
*♪ “Oh, estamos quase lá; Oh, oh, vivendo em oração; segure a minha mão, nós vamos conseguir, eu juro; oh, oh, vivendo em oração”


Ela ia ver seu marido e estava confiante de que ele acordasse naquele dia. Ela não tinha nenhum motivo para acreditar nisso, além da esperança pura e simples.




Mais tarde, no hospital, depois de André e Carol terem se arrumado, o médico Tiago fez a ronda matutina.


— Você dormiu aqui também? – André estranhou.
— Não. Sem condições. É que o hospital tem poucos profissionais. Estamos fazendo concurso para aumentar o quadro, mas nem há candidatos. Então, a minha jornada de trabalho acaba se alongando ou se repetindo. Por isso, eu e outros médicos acumulamos funções e especialidades. Eu mesmo sou pneumologista e cardiologista aqui. A sorte é que eu realmente fiz as duas especializações, pois não achamos nenhum outro profissional destas áreas que estivesse disponível – Tiago justificou, sem perceber que André estava com ciúmes, pois a maioria dos pacientes e seus parentes perguntavam a mesma coisa.
— Queremos agradecê-lo mais uma vez por permitir que ficássemos aqui. – Carol disse – Nos fez muito bem ficarmos aqui com Seu Pedro. – Carol disse sem sorrir, pois estava preocupada com a escassez de pessoal no hospital.
— Não precisa agradecer por nada. E está tudo bem com Seu Pedro. Se houver qualquer mudança no quadro, podem me chamar.
Quando Tiago saiu, os dois foram conversar:


— Por que evitou sorrir? Por minha causa? Pelo que eu disse ontem? – André estava preocupado, pois não queria mudar a sua esposa e temia que ela visse a necessidade disso.
— Não. É que eu gostaria de que houvesse mais pessoas trabalhando aqui. Ele disse que nem tem candidatos às vagas do concurso! A cidade é tranquila, mas tem muitos idosos morando aqui. E se na noite em que Seu Pedro foi baleado, não tivesse um bom cirurgião de plantão? – Carol falou.



— Talvez eles não estejam sabendo divulgar. Vou falar com alguém que entende de publicidade e ver o que pode ser feito, tá bem?


— Obrigada! – Carol agradeceu como se o benefício fosse para ela própria.


Minutos depois, Marta chegou no hospital, enquanto os dois conversavam ainda.


— Está bonita, D. Marta! – Carol elogiou.
— Está descansada, está até mais arrumada! Fico feliz, mãe! – André também percebeu a mudança causada pelo sono.
— Obrigada, meninos. O sono realmente me fez bem. Mas a questão mesmo é saber que o pai de vocês está fora de perigo e seguro com Eduardo preso. E que vocês estão de volta. – Marta nem percebeu que tinha incluído Carol no “vocês”. Os mais jovens notaram, mas deixaram passar, pois era provável que ela refizesse a frase.


— Amanheci tão animada! Tive um sonho que seu pai acordava hoje! E depois reclamava por estar na cama até esta hora. – Marta continuou.
Carol e André estavam se sentindo divididos entre a alegria por vê-la entusiasmada e o receio das esperanças dela não se realizarem ainda naquele dia.
Finalmente Carol viu a animação e alegria de Marta, que o marido e o sogro tinham falado. Era mesmo contagiante.


— Mãe! A senhora sabe que o médico não deu precisão do dia, né? – André lembrou.
— Também estamos esperançosos de que Seu Pedro logo acorde, mas... – Carol foi interrompida.



— Eu esqueci de trazer a sopa dele! Mas o médico é capaz de nem deixar ele comer a comida de casa ainda.


E enquanto falavam, Pedro acordou e já foi buscando se levantar.
— Parece que passei da hora de acordar. – Pedro reclamou.
— Não disse? Parece que ele estava aguardando o tempo de eu chegar! – Marta comemorava.
— Que cama ruim! Preciso sentar.


Pedro tratou de sentar logo na cadeira perto. O corpo dele rejeitava a cama. Carol chamou a enfermagem e aproveitou para arrumar o leito, embora soubesse que não fosse o trabalho dela.
— Está bem, pai? Está sentindo algo? Dor de cabeça? Qualquer coisa? – André perguntou logo.
— Não sinto nada, só uma pontada aqui no peito. O que houve? – Pedro estava confuso.
— Você não devia ficar descalço. Vou pegar seu chinelo. – Marta observou.


Logo o médico apareceu, antes da família explicar sobre a cirurgia. Tiago fez os exames mais simples. Apesar da perda de sangue e de tudo o mais, Pedro estava ótimo, mas era melhor fazer mais exames detalhes. Se tudo estivesse bem, no dia seguinte, Pedro estaria liberado.


Quando o médico saiu, Pedro, que tinha sentado na cama a mando de Marta, relembrou o incidente.
— Pelo menos esta parte acabou. Só falta agora o bandido ser preso. – Pedro disse.


— Falta sabermos quem é o bandido, mas já sabemos quem foi o mandante. Foi Eduardo Couto. E já está preso por este e por outro crime. – André explicou.
— Sabia que ele não prestava! – Pedro declarou.
André e Carol explicaram melhor a situação: que Eduardo foi o responsável pelo acidente que vitimou Murilo e Marta; eles já tinham entrado com processo contra Eduardo ali; e em San Myshuno também entraram com processo contra um dos comparsas dele.


— O cúmplice estava muito arrependido de tudo, e o processo lhes rendeu quase 1 milhão de simoleons, pois teve de ser descontado os impostos. Sabemos que este dinheiro não desfará o mal, mas o próprio ex-cúmplice de Eduardo desejava reparar os danos causados de alguma forma. – Carol terminou, buscando sempre o olhar de André, para obter apoio, pois estava temerosa da reação dos sogros.


— A culpa foi minha. Nunca notei nada de anormal nele. Só naquele dia que ele declarou que gostava de mim e eu o rejeitei. Antes, quando ele dizia que eu estava bonita e coisa parecida, eu sempre achava que era brincadeira e pedia para ele não repetir, pois eu não gostava! E mesmo com o acidente, eu nunca tinha relacionado as coisas. E todos vocês pagaram por mim e eu não percebi o perigo. – Marta se expressou.
— Claro que você não teve culpa de nada! Ele que é um doente homicida! – Pedro a confortou.
— Exatamente, D. Marta. A senhora é tão vítima dele, quanto Seu Pedro, Murilo e o seu bebê. – Carol também disse.
Marta acreditava neles, mas ainda estava triste com tudo.
— Acho que vocês tem razão.


Pedro se dirigiu a Carol:
— Estou satisfeito que ele esteja preso. Nos fez sofrer, matou meu cunhado... Só pode ser maluco. Qual o problema de receber um “não”? Todo mundo já recebeu pelo menos um na vida!


— Cuidado com o coração, pai! Não se aborreça à toa. – André alertou.
— Fique tranquilo, filho. Sabendo que minha mulher e vocês estão seguros, nada me abate. E daqui a pouco sua mãe volta ao normal e irá brigar com todo mundo. Agora me fala: como você e Carol descobriram? – Pedro pediu.
— Aproveite e nos fale como uma contadora e um vigilante prenderam aquele safado. E o porquê das férias de vocês serem de 15 dias e vocês estão praticamente conosco a mais de um mês, pois aquele papo de ver uma matriz no Quarto Império já não cola. – Marta falou, já se recuperando, como Pedro tinha dito.


— Somos policiais disfarçados. – André declarou, pois ele e Carol já tinham combinado isto na noite anterior.
— Conversa pra boi dormir! – Pedro disse – Acham que eu e sua mãe nascemos ontem?


— Desde quando policiais viajam entre países para resolver um assunto do trabalho? Antes de viajarem, eu ouvi a conversa de vocês, esqueceram? Não parecia conversa entre policiais.  Marta observou.


Carol e André tinham sido pegos de surpresa.
— Tá bem. A verdade é que somos agentes da SCIA: Agência Central de Inteligência de SimCity, mas não podemos contar mais nada a respeito. – André soltou, pois via que os pais não comeriam outra mentira.


— Nunca falamos antes para vocês não ficarem preocupados com André; e devido o nosso trabalho ser muito sigiloso. Ninguém pode saber no que trabalhamos, além daqueles envolvidos em nossos casos, como os policiais que estão nos ajudando contra Eduardo.


— Podem ficar sossegados. Vamos guardar segredo. – Pedro garantiu.
— Agora está explicado o motivo da demora de André em nos ligar. E como Pedro falou, não vamos comentar sobre o seu trabalho com ninguém.


— E eu prometo que a gente só descansa quando Eduardo não tiver nenhuma brecha para ele sair da prisão. – André disse.


Enquanto Carol e os pais conversavam, André recebeu a ligação do chefe de polícia da cidade. Iriam revistar a casa de Eduardo naquela tarde e queriam saber se ele e Carol estariam disponíveis.
— Estaremos lá, sim. Pode nos aguardar.





Revista e Reencontros




A casa de Eduardo era chamada de “mansão” na cidade, mas na realidade, era uma fazenda muito antiga, e a casa principal não era tão grande quanto uma mansão, mas era famosa por ter pertencido ao fundador da cidade.


Todos se dividiram. André e Carol ficaram de revistar o primeiro andar, enquanto que os outros policiais revistariam os fundos e o térreo.



Pelos documentos e pelo que Pedro e Marta lhes contaram, eles sabiam que Eduardo morava com uma filha, mas não acharam nenhuma foto e nenhum registro sobre a idade dela.
Carol chegou a um quarto masculino e começou logo a sua busca.


“Que quarto escuro! Terei de ligar as luzes se quiser ver algo! Mal dá para enxergar.”, Carol notou ao entrar.


Acima da cama de Eduardo, tinha um retrato dele com uma mulher, que devia ser a sua falecida esposa. Na foto, parecia um casal feliz.



Ver a sogra se culpar por causa dos atos de Eduardo tinha enfurecido Carol. “Se ele era feliz no casamento, por quê continuar aborrecendo D. Marta e sua família? Espero mesmo que ela perceba que não é responsável pelos desmandos deste maníaco.”, ela pensou.



Carol verificou as mesas de cabeceira, o baú ao pé da cama, a escrivaninha, a cômoda, uma estante de lembranças, mas não tinha achado nada ainda.


Ela também viu que atrás da escrivaninha de Eduardo pastava um rebanho de ovelhas. “Ele não poderia ser uma pessoa calma e inofensiva como essas ovelhas?”, Carol meditava.
Do outro lado da casa, André entrou num pequeno quarto de pintura.


“Eduardo gosta de pintar coelhos e passarinhos? Quem diria?!!”
Depois resmungou sobre sua falta de sorte, já que se encontrava em um quarto aparentemente infantil e inofensivo.


“Eu mereço! Com tanta coisa legal para fazer, peguei a incumbência de revistar o quarto de uma menina.”


“A filha de Eduardo deve ser do fã-clube desta moça. Será que ela é atriz ou cantora? Capaz de eu não achar nada de interessante, só coisas a respeito da tal atriz/cantora. Ela até parece familiar, mas faz anos que deixei de curtir músicas teen. Devo ter visto de relance uma foto dela na internet.”


Logo ele se pôs a buscar qualquer informação que pudesse servir, embora não acreditasse que fosse achar algo.

Do lado de fora, chegava uma das moradoras da casa.


A moça não parava de reclamar também:


“Odeio esta casa! Ao invés de vista para o mar, tenho vista para um pasto de vacas! E olhe que nojo esta entrada! Tudo sujo! O mordomo deve ter autoproclamado folga.”


Ao passar pelos policiais, eles a pararam para saber a sua identidade e para explicar o que estavam fazendo ali.

No primeiro andar, Carol achou estranha a disposição dos livros daquela estante. A ordem dos livros estava errada, sob a ótica de qualquer pessoa com um mínimo de organização.


“Será que tem algo aqui? Não posso mudar as coisas de lugar, mas é melhor conferir isto.”




Do outro lado da estante, Carol tomou um susto ao ver Marta.



“Que susto! É só um quadro.”


Carol estava espantada. Eduardo tinha feito uma espécie de santuário para Marta. Tinha fotos que, provavelmente, Pedro e ela não tinham, e talvez nem soubessem da existência destes objetos.


Vasculhando as gavetas, Carol achou um estojo de joias, e aquilo, com certeza, seria mais uma prova do envolvimento de Eduardo na morte de Murilo. Ela precisava mostrar aquele objeto a André.


A loira finalmente estava se dirigindo ao próprio quarto.
“Enfim, descanso! Chegamos em casa e nem temos direito à privacidade! Amanhã vou na delegacia para ver o que houve e o que pode ser feito.”


André já tinha olhado todas as gavetas, o closet e o banheiro em anexo.


“Pelo menos a jovem tem uma vista bem interessante. Pode se distrair olhando as vacas.”


A garota entrou no quarto e viu André perto de sua cama.


E reconheceu André imediatamente. Aparentemente, ela tinha ótimas recordações dele.
A garota se aproximou enquanto André perguntava quem era.


— André, sou eu! – a loira misteriosa disse.
— De onde me conh-... – André foi interrompido.
— Que saudades!
E ela tentou beijar um André surpreso, pois não era todo dia que desconhecidas o beijavam.


André a repeliu a tempo.
— Calma lá, moça. Quem é você? – perguntou André.
— Como assim? Você não se lembra de mim?


— Não, moça. Ele não lembra e eu também estou muito curiosa. Quem é você? – Carol entrou no quarto e perguntou à loira.
Carol estava furiosa porque viu a outra quase beijando seu marido.


— Que pergunta tola! Eu sou Elisa Couto. Filha do dono da casa e ex de André.
— Como é que é?!! – André ficou mais do que espantado.






Está curioso sobre a reação de Carol? Siga o blog para ser um dos primeiros a ser notificados quando a resposta dela sair.



Lotes usados:
Olde Normandy Chateau, de kamoodle5


Agradecimentos
A você, leitor, que leu este capítulo, e a todos aqueles que me inspiraram e me deram apoio para eu escrever este capítulo.


13 comentários:

  1. Ri demais com o cabelo do André! UAHAUAHAJAHAUA
    Que linda a preocupação de Marta com Pedro! E amei ver Marta se dando bem com a Carol! ❤
    Amo a relação de Carol e André, são uns fofos! :) ❤
    Genteeeeeee! Que babado! :O como assim Elisa é a ex de André?! :O ansiosa para o próximo capítulo!
    Parabéns por esse! Amei muito!

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    1. E quem não ri com este cabelo? se achasse uma peruca maior, teria usado.
      Sim, Marta e Pedro sempre cuidam um do outro. Finalmente Marta deu realmente uma chance a Carol!
      Carol e André são lindos juntos. Mesmo brigando. Bom para ele, que é raro.
      E não é, menina? Tô boba com essa Elisa! Qual a história dela?

      Obrigada por ter gostado, Denise!

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  2. TOMA EDUARDO!!!

    Acho que alguém vai ficar sem os dentes!

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    1. TOMA EDUARDO!!! KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

      Tô rindo muito sobre os dentes. Acho que Tiago tem assistência odonto, mas é bom ver logo uma dentadura. kkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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    2. Não é do Tiago que falei

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    3. Sobre Elisa? Pensei que fosse sobre Tiago. Pode deixar com Carol! Elisa ficará com novos dentes!

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  3. Obaaaaaaaaaa!!! Capítulo novooooo!!! <3
    Vamos aos comentários:

    1 – Ameiiiiiii o hospital!!! Muito lindo!
    2 – A capela ficou muito linda!
    3 – Amei o cabelo de André!!! :D
    4 – Gente, e Carol linda como sempre, hein!
    5 - Ai, que dó de como o André ficou ao saber do que houve com o pai! :(
    6 – Linda a força que Carol deu ao marido! Amo esses dois!
    7 – Amei o discurso de Estela sobre como escolas são locais para estudo, não para namoro! Parabéns, Estela!!!
    8 – Ameeeei que eles já levaram o processo contra Eduardo para as autoridades competentes!
    9 – Odeio o Eduardo! Safado maldito! E inconveniente! Não tinha nada que ter ido visitar D. Marta e Seu Pedro no hospital!
    10 – Mas muito bem bolado o plano para pegar o Eduardo!!! Fiquei feliz que ele finalmente foi desmascarado!!!
    11 – E que animadas as amigas de D. Marta!!! \o/
    12 – Esse Dr. Tiago parece ser uma boa pessoa! Espero que ele não crie problemas para o nosso casal querido!
    13 – E o que será que faz Carol brilhar? Tenho certeza de que todos estão super curiosos! :D
    14 – Tão bonitinhos Carol e André conversando no quarto de Seu Pedro! E mai fofo ainda eles dormindo juntinhos!!! Déa, ameiiiiiiiiiii que vc mudou o cabelo de Carol, dando a ideia de que ela acordou com os cabelos bagunçados! Aaaaamo esses detalhes!!! :D
    15 – Tb amei D. Marta toda bonitona esperando o marido acordar! Estou feliz que ela está revendo sua birra com Carol! Também, nem poderia ser diferente! Carol ama o filho dela, trata todos super bem, não tem como uma pessoa normal não amar Carol também!
    16 – Ri muito com André achando que o quarto era de uma “menina”. Kkkkkkk...
    17 – Geeente, e esse carro conversível rosa da Elisa, hein!!! AMEIIIIII!!! \o/ <3
    18 – Carol encontrou o quarto secreto! Eduardo é realmente DOIDO! Um maluco obcecado pela D. Marta! Ainda bem que a polícia o pegou, graças às investigações de Carol e André!
    19 – Geeente, e que loucura a Elisa já correr para agarrar o André desse jeito!!! Não soube nem se reaproximar! Já vi que é louca que nem o pai! E André vai ter muito o que explicar para caro, viu! Huahuhuahuhauhua...

    Déa, parabéns por mais um capítulo maravilhosoooooo!!! Eu estava morrendo de saudades de Vermelho e Verde!!! Agora fico aqui já ansiosa pela continuação!!! Beijocas, minha amiga querida!!!  <3

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    1. Respostas (amo seus comentários)!

      1 e 2: Que bom que gostou do hospital e capela. Eu queria algo simples, mas que tivesse tudo!
      3 – Quem mandou ele prometer moicano à mãe? Kkkkkkkkkkkkkkkkkkk Obrigada, pois tirei a ideia de sua história.
      4 – Né? Não é à toa que o marido não cansa de elogiá-la! E o colar é referência aos dias que ela passou em San Myshuno! Obrigada mais uma vez!
      5 e 6 – Ficou de cortar o coração. Ainda bem que a mulher soube motivá-lo e extrair o melhor dele.
      7 –Parabéns, Estela!!! Passarei o recado para ela. Concordo com as duas: escola é para estudar!
      8 – Ameeeei que eles já levaram o processo contra Eduardo para as autoridades competentes!
      8 e 9 – Não dá para dormir no ponto com este Eduardo! Por isso que Carol deu logo a ideia de envolver logo as autoridades ao invés de dar chance para ele fugir.
      10 – Carol feat. Marta! Tem gente que temos que pegar de todos os lados, por causa de advogados e brechas na lei.
      11 – Não é? Nem perdem a chance de brincar por nada.
      12 – Também espero. Acho que vou alistá-lo num Tinder.
      13 – Também tô muito curiosa. Logo André vai descobrir para nós!
      14 – Sim, os dois se entendendo sempre, e um confortando o outro é muito lindo! Obrigada por ter visto este detalhe do cabelo! Para manter aquele coque após dormir, nem spray ultra-fixador. Seria meio estranho acordar com tudo no lugar. Já basta a maquiagem ser tão resistente! Sorte que ele não babou durante o sono!
      15 – Marta sabe se arrumar quando quer. Pena que esta roupa ela não tinha visto para o encontro do restaurante. E verdade: Carol é um amor e Marta é cabeça-dura, mas sabe reconhecer quando está errada. Lembra que no capítulo 06 ela agradeceu a Carol por cuidar de André? Só que o orgulho e desconfiança dela são muito fortes. Mas vai ceder. 
      16 – Ele queria ação e se viu no meio de fru-fru. Tadinho!
      17 – Elisa é chique, sô! Tudo personalizado!
      18 – Eduardo é mesmo doido! Mas sabe esconder suas doidices. Cadê que ele comprou uma casa sem esconderijo, né? E que objeto era aquele que Carol achou?
      19 – A doideira é de família, mas ela tem bom gosto: André é charmoso! Será que André vai apanhar? Já tô imaginando! Huahuhuahuhauhua!

      Obrigada, Sally, por ter gostado! Espero que o próximo capítulo saia mais rápido! Mas logo quero ler Axl&Cia! Quem será que apelidou Dave de Dado? Será que Nick vai melhorar após a reclusão? E Bella vai aprender a confiar mais na mãe? Pois se viajou escondido, é porque não confiava! Será que Josh vai encontrar sua cara metade como Axl e André? Ou vai continuar só de boa? Veremos nos próximos capítulos de Axl Logan!
      Beijos, Sally!

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  4. Comentário de Tatsumi que copiei e estou respondendo

    1- Como assim Marta gentiu? Essa é nova pra mim!
    Também surpreendeu Carol e André. Mas ela é uma boa pessoa. Só que é muito enfática quando está chateada com alguém e a birra dela com carol era mais orgulho. E também tem toda dor pela qual passou, e que a fez refletir sobre o tratamento dado a Carol. Já o caso com Rosa é só com Rosa, mesmo! Ela não envolve a criança no meio.

    2- Adorei ver Eduardo se lascando!
    Eu também. Finalmente a casa caiu para ele.

    3- Acho que alguém vai ter que encomendar uma dentadura antes dos 60.
    Espero que o plano de Tiago cubra dentadura! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  5. Amei o capítulo! Parabéns Andrea!
    Sobre a relação entre André e os pais. Acho lindo o jeito dele, apesar de ter recebido uma educação de uma mãe aparentemente rigorosa, ele não deixou de manter o bom humor com ela.
    E o seu Pedro?! Amo esse velhinho fofo. E estou muito feliz em saber que ele está bem, e com sua esposa amada.
    Sobre a relação de Carol e Marta. Espero que agora ela reconheça que a nora, foi e é a melhor coisa que aconteceu na vida do filho (André).
    E já estava mais d que na hora daquele velho safado (Eduardo), ir preso!
    E agora essa loira hein? Carol, porrada nela!!

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    1. Obrigada, Paty por ter lido e amado!!!

      Sim: André recebeu educação protetora dos pais, mas sabe que era tudo amor e carinho. Apesar de André ser filho único, Pedro e Marta não o mimaram e nem o superprotegeram do mundo. Foi muito "não" dos dois para André saber que havia limites e consequências para o que ele fazia. E alguns "vá em frente!" para ele se desenvolver. E ele é grato por isso. Por isso mesmo, ele abusa para aliviar a tensão da mãe. Ele tem aquele bom humor super sadio. Pena que Marta não viu ele de peruca. Ia brigar, mas depois ia achar engraçado.

      Sim, o amor de Seu Pedro e D. Marta é muito lindo: os dois protegem um ao outro de tudo. Ele não merece ir agora.

      Sobre Carol e Marta: ela já está revendo isso, por isso ela não comentou de Carol para Eduardo e depois a incluiu em "filhos", na manhã que Seu Pedro acordou. Espero que a mudança seja permanente, pois ela tem palavra. Só que o orgulho dela é enorme. Quando enfia algo na cabeça... eita demora para desfazer!

      Também acho: Eduardo aprontou muito, mas deixou alguém em seu lugar. Cobre porrada nela, Carol!

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  6. Ai meu Deus! Estou de férias então só tive tempo de ler agora, mas que capítulo incrível! Ri muito com o cabelo do André, minha família também ama pregar peças um nos outros!
    Achei fofo a conversa entre o casal sobre ciúmes e ex!
    Finamente esse Eduardo foi preso, mas ainda me pergunto sobre seu suposto parentesco com a Carol... se sim, então o André vai ter tido um relacionamento com as duas filhas do cara que tentou matar sua família inteira...
    Que bom que o Seu Pedro está bem! Espero que ele e Marta possam conhecer os netos (logo)!
    Já estou a espera do próximo capítulo! Você escreve muito bem Andrea!

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    1. Oi Leticia!
      A família de André é bem legal: tem as brincadeiras, zoações, brigas... e muito carinho.
      Que legal ter achado fofa a conversa. Não é um assunto confortável, mas às vezes, é bom conversar a respeito para evitar problemas futuros.
      Ainda bem que Eduardo foi preso, mas se Carol for filha dele, realmente André vai se sentir muito mal com a ironia do destino.
      Seu Pedro tá jovem para deixar nossa história! E também estou na torcida por estes netos.
      Obrigada pelo elogio, Leticia. E logo teremos mais capítulos.
      Beijos!

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