22 de jan. de 2017

Vermelho e Verde: Capítulo 03 - Os sogros



História de dois ex-militares que amam o perigo e o trabalho.

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Capítulo 03
Os Sogros
  

Resumo do capítulo anterior: Carol sobrevive ao espancamento e após a recuperação, recebe a notícia de que talvez tenha ficado infértil. Ela e André vão a Colina Formosa conhecer os pais de André e passar o Natal. Dona Marta, mãe de André, não gosta de Carol e acaba criando obstáculos ao relacionamento dos dois. Os dois começam a pensar nos prováveis suspeitos que causaram o espancamento de Carol.



Lembranças



Na noite de Natal, após a festa.


– Quem teve a ideia ridícula de me dar pijama de Coelho de Geladeira de presente?


– Fui eu! Para combinar com meu pijama de Coelhinho de Geladeira!


André observa o sorriso traquina da esposa por um momento e, ao se deitar, comenta:
– Já falei como é ridículo ter gente que não gosta de coelhinho de geladeira?




No dia seguinte, aproveitando a saída de Dona Marta, Carol foi limpar a casa e os quartos. Ela e André tinham prometido limpar tudo após a comemoração, já que a ideia da festa foi deles. 


Ao entrar no quarto dos sogros, com a autorização de Seu Pedro, Carol se depara com a cômoda cheia de perfumes exóticos e com as fotos retratando o casal quando os dois eram jovens.  


Ela ficou tão abismada ao ver tanto carinho entre os jovens das fotos que acabou sentindo-se triste por Dona Marta ter se transformado na personificação da amargura.


Seu Pedro, que estava tocando na varanda, resolve entrar no quarto.



– Sei o que está pensando... A calvície é de família. Se André tiver puxado os meus genes, no futuro será tão charmoso quanto o pai.
Carol acabou rindo da piada. Seu André nunca se deixava abater e ria de tudo.


– Eu estava realmente observando as fotos. Dona Marta parece tão diferente nelas...
– É coisa antiga. Ela sempre foi alegre e expansiva.  Quer saber como nos conhecemos?
– Quero muito.


Como quase toda pessoa de idade, Seu Pedro gostava de contar sobre os tempos de mocidade, e sem esforço ele passa então a se relembrar, com detalhes; e o material de limpeza foi esquecido por uma Carol atenta. Ele então começou:
– Eu estava a fim de uma garota, muito bonita por sinal! Como diria minha mãe, ela parecia uma flor-de-camomila. No nosso primeiro encontro, peguei emprestado um carro e a levei a outra cidade, bem mais badalada.


“Ela só falava em casamento e filhos. A moça era bonita, mas eu estava pensando em um presente bem mais imediato. Futuro, como o que ela descrevia, era algo muito distante e provavelmente não me incluía.”


“O papo não durou muito.”


O DJ estava tocando “Whisky a Go-Go”, quando eu vi outra moça dançando sem se preocupar com nada.
  
Música: Roupa Nova - Whisky a Go-Go

“Pode ser bobagem o que vou dizer, mas foi amor à primeira vista.”


“Meu pai era professor de História e Filosofia, então sempre falava em mitologia grega, enquanto minha mãe era vendedora de perfumes. Eu odiava todo aquele papo deles, mas quando vi a moça de cabelos coloridos, perfumada e vestida de roxo, só me lembrei de Íris1, da mitologia, e pensei que alguém lá em cima a tinha enviado para mim.”

1 Íris era a personificação do arco-íris, era a ligação entre o Céu e a Terra, entre os deuses e os homens. Geralmente é representada com asas e coberta com um leve e fino véu que, ao receber os raios do sol, toma as cores do arco-íris. Na antiga Grécia, acreditava-se que a deusa Íris era encarregada de transportar as almas das mulheres para a eternidade e, por isso, era sempre lembrada nos rituais femininos. Não era uma deusa considerada maléfica, apesar de, nas histórias, ter ajudado Hera junto de Loucura a acabar com a família de Hércules.
Fontes: 1 e 2.


“Quando estava com ela, só sentia o cheiro da flor íris2, que eu sempre gostei. Soube então que ela seria minha.”

2 Flor de Íris: flor muito apreciada pelos perfumistas para a criação de perfumes de prestígio, já que é uma matéria-prima muito cara. É usada também na medicina tradicional e aromaterapia.
Fontes: 1, 2 e 3.


– Uau! – Carol exclamou. – Roupa Nova, perfumes e flores. Que poético! Não sabia que gostava de flores.
– Eu não gostava e continuo não gostando, mas minha mãe me ensinava tudo, sobre flores e perfumaria, para ela mesma se aprimorar na profissão. Por isso eu conhecia o cheiro da flor íris e sabia de sua aparência pelos livros. Aqui na cidade não temos essa planta. E meu pai era professor tanto em casa quanto na escola. E quando vi Marta, não tive como não relacioná-la a essas coisas. Até comprei para ela um perfume com íris na essência.


– Mas o senhor não queria casar...
– De início não, mas eu não a queria solta por aí.  Ela não era nenhuma beldade, mas era extrovertida e sempre tinha alguém dando em cima dela. Para mim, ela era única e eu preferia tê-la perto de mim.  Além disso, ela era muito unida ao irmão, que não saía de perto. Muita proteção da família.




“Já que eu queria algo sério, pedi logo a mão dela”.


“Logo André nasceu e ele e o tio se tornaram muito amigos”.


“Mas houve um acidente e Murilo, o irmão dela, morreu. Depois disso, Marta só ouvia músicas como “Era um Garoto que, como eu, amava Os Beatles e Os Rolling Stones”. Na época, ficamos bem preocupados com ela, mas isso já passou”.

Música: Engenheiros do Hawaii - Era Um Garoto Que Como Eu Amava Os Beatles e Os Rolling Stones


– E André? Como reagiu? E como ela o tratou?
– Ela o tratou bem. De certa forma, superamos mais rápido essa dor por causa dele. E nós não contamos tudo a ele naquela época para não traumatizá-lo. Ele era apenas uma criança.


– Sei de casais que se separaram depois que um dos dois entrou em depressão e vocês estão juntos até hoje.
– Meus amigos sempre me davam este conselho, mas a dor dela era a minha, já que Murilo era quase um irmão para mim. E estarmos separados não ia ajudar em nada. Íris da mitologia não entregava somente mensagens boas, mas também ruins. Sempre acreditei que temos que enfrentar tudo.



Após a história, finalmente Carol foi limpar a bagunça deixada pelo Papai Noel contratado, que saiu sem cobrar pagamento. Eles tinham ligado para ele, mas quem atendeu disse não ter saído de casa, devido a uma forte gripe. O que importa é que o Papai Noel da noite anterior só tinha bebido suco e sujado todo o banheiro.  Eles não adquiriram álcool para a festa, tanto pelas crianças convidadas quanto por escolha dos moradores.


Ao fim do dia, Carol repassou todas as informações na cabeça, enquanto descansava no quarto. Ficou intrigada com a história contada por Seu Pedro. Ela sentiu que havia lacunas ali.


Ao ver a esposa tão compenetrada, André pergunta:
– O que houve?
– Recebi uma notícia que me deixou chocada...


– Qual?
– Você será careca.
– Andou conversando com meu pai, né? Será punida com cócegas!


Carol era séria e raramente fazia piada, mas gostava de rir com o marido.




Dois dias depois, após a neve ter derretido, Pedro recebe uma ligação e depois fala com a esposa:


– Comemoração dos 70 anos do “Colina Formosa Futebol Clube”. E chamaram a gente para ir. O que você acha?
– O que você respondeu?
– Que sim, claro!
– Então para quê minha opinião agora?


Seu Pedro não se desanima:
– A festa vai ser boa. Todos os nossos amigos estarão lá. E já passou tanto tempo... Está na hora de deixarmos este assunto para trás.
– Então deixe você, pois eu nunca esquecerei.





Carol e André estavam assistindo TV na sala contígua ao ateliê e, por isso, acabaram ouvindo parte da conversa. Pedro depois informou, forçando um sorriso, que todos foram convidados para a festa de aniversário do time.


– Vai estar toda a cidade reunida. Será uma boa oportunidade para revermos todos e para Carol conhecer os moradores. E haverá bastante comida e música. E se o tempo continuar assim, talvez nem neve no dia.
Depois de Seu Pedro sair da sala, Carol se lembra:


– Festa? Só trouxe jeans e casacos.
– Sobrou dinheiro? Se sim, pode ir comprar roupa nova. Temos umas lojas que vendem roupas bonitas e minha mãe até costura para elas.
Carol já tinha visto algumas peças confeccionadas por Dona Marta e tinha gostado do acabamento e estilo.
– Você vai comigo? – Ela perguntou.
– Tenho compromisso marcado com a Sessão da Tarde, já. Lamento.
– Que desculpa esfarrapada para não sair.
André dá de ombros sorrindo, mas depois fica sério.


– Porque sair na neve se a sua mãe faz roupas para as lojas? Ela deve ter algo em casa. É até uma forma de eu me aproximar dela. – Carol fala.
– Mas se for para a festa do time, nem é bom pedir. – André fala de forma séria e triste.


– Conta para mim o que te deixa assim. – Carol pediu.
– Vamos subir, então.

No quarto, André conta:


– Fomos todos convidados porque meu pai foi o melhor treinador do time e até foi técnico interino do time base, e eu já fui o artilheiro dele. Só que o acidente que matou meu tio fará aniversário no mesmo dia da festa do time.
– Perder o irmão realmente tira o clima de comemoração de qualquer um.
– Eu tinha uns 10 anos na época. Era uma festa também.
Então André continuou contando:


“O time tinha conquistado o campeonato estadual de time base daquele ano, quando o meu pai foi o técnico interino. Levou o time a conquistar a taça, o que não tinha ocorrido nos anos anteriores.


“Meu tio Murilo não era do time, mas estava lá também.


“Torcedor fiel do time e das torcedoras, não perdia um jogo nem um evento do time. Porém, na festa, precisou sair mais cedo. Minha mãe estava cansada e tinha que me pegar na casa da vizinha, então meu tio deu uma carona a ela, mas o carro perdeu a direção. Meu tio morreu no acidente e minha mãe ficou seriamente ferida. Meu pai tinha que ficar até o fim da festa, para dar apoio à cidade e aos jogadores, pois o time tinha perdido vários jogos e campeonatos nos anos anteriores. Quase ao amanhecer, de volta à casa, meu pai viu o acidente, chamou a ambulância, mas já era tarde demais para meu tio...”


“Eu me lembro do quanto eles ficaram abalados. Meu pai quase morreu de culpa, porque ele não estava presente no carro ou porque ele não fez os dois, a minha mãe e o meu tio, permanecerem mais tempo na festa com ele, mas conseguiu superar tudo com o tempo.”


“Já a minha mãe se tornou amarga com tudo e todos. Antes, ela era alegre, gostava de festas, os três sempre saíam juntos para curtir; depois, ela mudou de uma forma negativa... Eu diria que ela mudou da água para o vinho, ou melhor: do vinho para o vinagre!...”


– Ela culpa Seu Pedro pelo ocorrido?
– Não, de forma alguma. Ela disse que ninguém teve culpa, a não ser a bebida e a irresponsabilidade, já que os exames disseram que meu tio tinha consumido álcool, e como a estrada ainda tinha neve em alguns trechos, a polícia local disse que um acidente poderia acontecer com qualquer um que não estivesse sóbrio o suficiente. Ela também disse que o ideal era aguardar que as coisas ruins sempre acontecessem para se precaver do resultado delas. Passou então a ser desconfiada, de ver o mal onde nem havia, a sempre esperar o pior das pessoas, a levar tudo a sério, a economizar sempre prevendo uma crise...
– Concordo com ela nesta última parte. E de se precaver no geral também. E seu pai confiou a direção a alguém embriagado?
– Meu pai não tinha visto nenhum sinal de bebida nele.
– E como reagiu o time quando soube dos problemas familiares de seu pai? – Carol perguntou.
– Não há segredos em cidades pequenas. Assim que meu pai soube do acidente, todo o time e a cidade souberam juntos e nos apoiaram. Por isso que quase todos compreendem a minha mãe e não a odeiam. Ou fingem não odiá-la.
– Estranho a festa ser na mesma época do acidente.
– Sim, mas nem tanto. A diretoria é nova e o aniversário do time já é data marcada. Todo ano ocorre e eles chamam os meus pais. Meu pai sempre aceitou ir, até para me envolver com o time e o futebol. A minha mãe nem sempre ia.
– Queria fazer algo por eles, mas estou me sentindo de mão amarradas.
– Somos dois a passar por isso, mas eu e meu pai já fizemos de tudo. É escolha dela estar assim.
Depois de uns segundos, André continua:


– Quando te vi quase morta, acho que passei o mesmo desespero que ele. Samuel e os outros colegas que me impediram de fazer uma besteira.


Os dois se abraçam para se confortar mutuamente, devido às lembranças terem ressurgido.








Mais tarde, no quarto ao lado, Dona Marta fala com Seu Pedro:


– Quero pedir desculpas por ter te destratado mais cedo.
– Eu estou quase acostumado, mas não gosto desse seu comportamento. Temos que seguir em frente.
– Mas foi nesse dia que...
– Eu sei, querida, eu sei. Também não esqueço e nem poderia.





Planta-Sim, Trepadeiras e Compras



No dia seguinte, no centro da cidade, André levou a esposa na loja da reserva florestal para Carol conhecer e apreciar a história da cidade. No entanto, ele acabou sendo apreciado sem perceber.


– Os primeiros moradores que chegaram aqui quase destruíram nossa mata e nossa fauna. Muitos animais hoje estão em perigo de extinção por isso.


Enquanto André falava, Carol percebeu que outra mulher estava fazendo gestos, em direção a André, que só demonstravam muito interesse.


Carol fez cara de poucos amigos, mas antes de conseguir tirar satisfações, a outra foi embora.


– De onde conhece a Cabeça-de-acelga?
– Cabeça-de-acelga?
– Sim. A Rosa Verde-Musgo que estava no Natal com o marido.
– Ah... Rosa Verdeclaro3. A Planta-Sim natural4.
– Não importa o tom de verde da Cabeça-de-repolho.

3 Rosa Verdeclaro: é uma Planta-Sim que vive em Colina Formosa, vizinhança de “The Sims 2: Quatro Estações”, com seu marido, Jason Verdeclaro, e sua filha, Margarida Verdeclaro. Rosa é conhecida por quase todos de Colina Formosa, onde a maioria dos moradores têm um desejo para que ela se torne um Sim normal.

4 Planta-Sim: é um estado de vida incluído em “The Sims 2: Quatro Estações” e “The Sims 3: Vida Universitária”. Essas criaturas são completamente ligadas à natureza, especialmente às plantas.


André estava achando graça da situação. Sua esposa sempre tão centrada e fria estava vermelha, e não era maquiagem em excesso e nem era reflexo da luz no cabelo ou na roupa. Era raiva e ciúme. André explicou um pouco sobre os Verdeclaro:
– Relaxe, Agente. Uma Planta-Sim não tem maldade nenhuma. O que houve para te deixar zangada?


– Ela estava fazendo gestos em sua direção, se desmunhecando toda. Parece até que nunca viu homem na vida e a safada é casada!
André tinha acertado: puro ciúme. Acabou se sentindo elogiado, pois quando era militar, muitas mulheres diziam gostar dele, mas gostavam era da farda, e agora ele estava usando apenas um suéter velho, que o fazia parecer ter barriga de chopp. Não era muito para chamar a atenção de alguém e nem para a esposa estar tão chateada.
– Vou pegar um souvenir para você e vou te explicar um pouco sobre Plantas-Sims.
– Subornador! – Carol o acusa - Mas vou aceitar.


Não havia nada de muito valor na loja, apenas alguns itens que tinham agradado a ambos, pois contavam a história do local. E os dois gostavam de História. André não estava realmente comprando para ela. Ele apenas queria conservar algo de sua cidade para levar onde qualquer lugar onde fossem viver.
Sentados na praça ao lado da loja, começaram a conversar.


– Tudo o que sei me foi contado por Jason. Ele é um Sim Multirregional para Questões Diversas, enquanto que seu irmão é professor. Os dois estavam pesquisando, juntos, umas montanhas perto daqui, quando encontraram o povo Planta-Sim e Jason se apaixonou por Rosa. Casaram e tiveram uma filhinha chamada Margarida. Este povo tem necessidades especiais e uma forma de ver as coisas completamente diferente da nossa.
– E o amor-livre e amor-ao-marido-alheio estão inclusos nesse ponto de vista diferenciado?


– Não, mas pelo que entendi, na cultura deles não há o necessidade de exclusivismo em uma relação, mas a maioria prefere a monogamia. Se você viu um interesse maior da parte dela por mim, não foi com intenção de traição; mas na cultura deles, isso é normal. Inclusive, como temos pouco conhecimento sobre eles, e Margarida é muito parecida com a mãe nas necessidades, aparência e comportamento, até cogitaram em examinar o DNA da criança, mas a mãe se negou veementemente. No entanto, ela está sempre disposta a colaborar com a pesquisa do marido e a conhecer nossos costumes.
– Mas você gosta de verde e não é racista. Pelo contrário, tem interesse em tudo que seja diferente do comum.
– Isso é verdade, mas não gosto de tatuagens. 
Se tinha uma coisa em que Carol era boa, era em ler expressões faciais e postura corporal. Por isso viu que André estava sendo sincero.


– Tudo bem, mas se ela se aproximar de novo de você, eu vou extinguir aquela Trepadeira.
André gostou de saber que não era o único a sentir ciúmes na relação dos dois.







André acabou indo a boutique porque não gostava de ficar dentro de casa. Se eles estivessem na própria casa, ele tinha ideias de como passar o tempo sozinho com Carol, mas na casa dos pais, a sua ideia de passatempo estava fora de cogitação. Aproveitou para comprar mais um jogo.


Carol reencontrou Alexandra Chaves. Além de terem coisas em comum, como a cor natural do cabelo e o gosto idêntico por casacos e botas, Carol tinha gostado automaticamente da pirata, ex-mulher de Gabriel Chaves.  


Quem estava gostando do passeio prolongado era Carrapato. Tinha corrido à vontade no parque e agora tinha encontrado alguém com quem brigar, quer dizer, brincar.


Na loja, André reviu Jason e começaram a conversar sobre os velhos tempos, já que tinham estudados juntos e jogado no mesmo time. E Carol viu Rosa novamente muito entusiasmada ao ver André.
Nesse momento, Rosa reconheceu Carol da festa de Natal e lhe acenou tão naturalmente, que Carol acreditou quando André lhe disse que Plantas-Sims não tinham malícia.


Carol aproveitou a chance para conversar melhor com ela, pois ela não se sentia obrigada a gostar do comportamento da outra. 


– Oi, Rosa. Que bom te ver.
– Oi, Carol. Seus doces na festa de Natal estavam ótimos. Apenas não comi o peru e outras carnes, porque não gosto. E a salada, desculpe, mas parecia tanto com a do meu povo!
– Eu sei. Fique tranquila. Pelo menos havia coisas que você experimentou e gostou. Mas preciso saber onde você fez essas tatuagens lindas.
– Mas não são...
– Vamos conversar lá fora enquanto os rapazes colocam o papo em dia.

Do lado de fora da boutique:


– Se você der em cima de meu marido de novo, eu arranco as suas tatuagens uma por uma! – Carol disse.
– Mas não são tatuagens. Fazem parte de minha pele. E eu não fiz nada com ele.
– Mas ficou flertando-o de longe.
– Mas eu só o admirei. Como uma planta. O Pomo-de-Adão é um exemplo. Não tem flor, não colhemos nada dele, mas admiramos seu porte e beleza.
– Mas aquele Pomo-de-Adão é meu. Segure seu gineceu, pois aquele androceu tem dona!
– Não entendi. Ele tem androceu? Ele é parte planta?


Carol percebeu que a outra não tinha realmente entendido o trocadilho.
– É o seguinte: se você se você se aproximar de meu marido, ou se der em cima dele de novo, eu conto a Jason que Margarida não é filha dele!
Carol estava jogando verde (sem trocadilho), pois ela não sabia muito sobre as Plantas-Sims, mas pelo que soube do esposo, achou estranho Rosa não querer fazer exame de DNA na filha, mas aceitar que fizessem nela.


Giovana estava passando quando viu a tensão entre as duas e comemorou.
– É briiiiiiiiiiga! Poooorraaaadaaaa! U-hu!
– Não faça isso. Vocês não entendem. É para dar continuidade à minha linhagem. Não é como você está imaginando. É como a samambaia. Há apenas os esporos. Não pode ter a influência de terceiros.
– Pelo que sei, você está disposta a conhecer nossos costumes. Então saiba: não admitimos “terceiros” em nossos relacionamentos. Se eu te ver se desmunhecando para meu marido de novo, você será a “terceira” e eu acabarei com seu casamento.
– Não faz isso. Eu gosto de Jason. Mas não sei se ele aceitará o fato sobre Margarida.
– Tá avisada. O que irá fazer?


Quando os rapazes se aproximaram para jogar xadrez do lado de fora da loja, Rosa aproveitou para ir embora, e sem olhar para André, avisou a Jason que tinha que ver Margarida.
Carrapato estava só de olho, querendo saber se precisavam da cooperação do rosnado dele. Pelo visto, não seria dessa vez.


Depois que Rosa foi embora, Giovana festejou com Carol!


– Gostei, garota! Se eu tivesse me tocado e reagido antes com a outra, talvez o traste de meu marido ainda estivesse comigo.
– Mas você gosta dele ainda? E ele era um bom pai?
– Antes eu sentia falta dele às vezes, e ele não era um bom pai, mas as crianças gostavam dele. Eu tinha esperanças de que ele melhorasse. Mas agora que conheci o Reinaldo na casa de vocês, estou achando que ele nunca ia mudar. Nem visita mais os pequenos. E o Reinaldo, amigo de vocês, é um amorzinho com os meninos.
Reinaldo é um dos amigos de André e que fora convidado para a festa de Natal. Ele e Giovana tinham se dado muito bem.


Depois que Giovana e Rosa foram embora, Carol finalmente tentou experimentar uma roupa em paz.
  


Se André a deixasse experimentar roupas em paz.





Pesquisas



Ao chegarem em casa, André mostrou ao pai a nova TV, o novo console de vídeo game e os novos jogos de futebol.


– Mas a nossa TV não pega. – Seu Pedro pondera, mas já pensando em vencer o filho no jogo.
– Eu sei e por isso mesmo compramos esta TV nova. – André esclarece.
– Que custa os olhos da cara – Dona Marta reclama.
– E que é presente para vocês. A outra TV mal funciona de tão velha e nem tem as entradas para pegar console de vídeo game.


– Acaso roubou um banco? Eu não te ensinei isso! – Dona Marta acha estranho.
– Foi uma indenização somada à bonificação de Natal. Conseguimos um bom desconto por ter pago à vista.
– Vocês dois parem com isso e vamos logo testar. Se não funcionar, a gente devolve tudo. – Seu Pedro declara.


Enquanto os três discutiam, Carol foi para a mesa da cozinha com seu notebook. Ela tinha adquirido um pacote de dados pela operadora de celular, mas o sinal era muito fraco. Mesmo assim ela não desanimou.


Tinha comprado livros relacionados aos Plantas-Sims (ela acabou gostando do jeito aparentemente inocente de Rosa, mas ainda assim não confiava nela e queria saber mais detalhes sobre seu povo). Tinha pouca coisa na internet, mas o que leu dizia que, pela genética, um filho entre um Planta-Sim e um sim comum poderia nascer tão comum quanto ela ou André.


Carol recebeu um e-mail de sua amiga Eva Esteves, lhe indicando uma série de drama policial chamada “Grace”. O interessante é que a protagonista também era ruiva, mas a própria Carol não sabia ao certo se Grace era vilã ou mocinha. Ainda assim, torcia para que Grace escolhesse o lado do bem, pois Grace tinha um histórico bem parecido com o dela: ambas eram órfãs.


Para desanuviar a mente, resolveu rir um pouco com uma série indicada por sua amiga Sally, sobre um guitarrista chamado Axl. Gostou muito de Axl e torcia por ele, mas o que lhe chamou a atenção foram alguns personagens coadjuvantes, incluindo uma misteriosa ruiva chamada Emilly, cujo nome era falso. Ela seria a verdadeira vilã da história ou a heroína que ajudaria Axl e seu amor Bella? Quantas perguntas!
Depois de tanta leitura e de adiantar a pesquisa sobre a Cabeça-de-samambaia (Carol ainda não aturava Rosa), ela foi ver os sogros. Estavam tão concentrados com o vídeo game e a nova TV, incluindo Carrapato, que nem a notaram.

Música: Skank - É uma partida de futebol





Seu Pedro vibrava:
– Mais um gol!
– Eu te falei. Tem que comer muito feijão com arroz para derrotar Pedro. – Dona Marta admoestava o filho.
– Ainda estamos no meio do segundo tempo. Estou apenas me aquecendo.
– Conversa! Você disse a mesma coisa das outras três vezes que perdeu. Vai, Pedro! – Dona Marta dizia.


A situação estava tão feia para André, que estava perdendo de lavada para o pai, que Carol foi torcer por ele. Apesar das brigas e de tudo, ela via que todos ali eram unidos.


– Perdi. De novo.
– Ânimo! Vamos de novo. Seu Pedro, agora será revanche. – Carol também tinha se empolgado.


O jogo estava tão bom, que nem notaram que tinha mais alguém na sala gostando da partida de futebol.






Lotes usados:
Union Grove Visitor Center: de Zarathustra;
Reunion Restaurant: de daman19942.




9 comentários:

  1. Mais um lindo capítulo! Amei demais!!! A história dos pais de André é muito interessante e amei a parte sobre a Íris. Muito criativo! Também amei ver o Murilo ali no final! Parabéns, Déa!!! \o/ :D S2

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  2. Amei demais!!! A história do pai do André é muito bonitinha! Adoro a relação do André e da Carol! E espero que a Dona Marta se torne alguém menos amarga! Parabéns pela história :)

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    1. Obrigada! É muito importante para mim que gostem da história.

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  3. Maravilhoso !! Muito bem feito !

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  4. Adorei esse capítulo, esclareceu agora o porque de dona Marta ser tão ranzinza, Carol é demais. Parabéns Andrea.

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  5. Fantasmas, futebol, video game. Tô curtindo um bocado.

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  6. Que linda a história do pai do André!
    Espero que no futuro a Marta seja menos.. Marta! xD

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