15 de fev. de 2017

Vermelho e Verde: Capítulo 04 - Velha Paixão




História de dois ex-militares que amam o perigo e o trabalho.

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Capítulo 04
Velha Paixão
  

Resumo do capítulo anterior: Seu Pedro conta a Carol como conheceu e se apaixonou pela esposa. Seu Pedro também fala sobre a morte do cunhado. A família é convidada a um evento festivo na cidade. Carol percebe que outra mulher se interessa por André e fica enciumada. A família joga futebol no videogame, acompanhados por um fantasma.



Indo dormir




- O senhor está me roubando?
- Você é que não sabe jogar.





Após André ter perdido 04 partidas seguidas contra o pai, ele comenta com Carol:


– Depois de tudo, ainda tenho de arrumar a casa. Quem teve a ideia de comprar TV nova?
– Alguém de nome André, que queria muito jogar videogame. Agora vamos terminar logo com isso, que ainda temos que colocar as caixas em local visível para não nos esquecermos de levá-las ao lixo reciclável. E esta TV, podemos vender a uma eletrônica ou doar a alguém.


– Tá bom, Agente. Mas lembre-se de que eu era superior a você. Eu é que deveria dar ordens.


– Mas não era meu superior direto. E aproveitando que estamos sozinhos, me conte a verdade: você deixou seu pai vencer, não foi?


– Claro. E vou machucar o ego dele? Ele nunca jogou naquele console antes e nem aquele jogo novo. Para um ex-treinador e ex-técnico de futebol, seria horrível perder no game.


– Que orgulho de meu maridinho: fazendo de tudo para deixar os outros felizes.
André imaginou que o prêmio por ter perdido para o pai estava garantido. Até ouvir a mãe atrás dele:


– Que pouca vergonha é esta? – Dona Marta reclamou.
André e Carol tomaram um susto. André tomou a palavra por ambos:


– Não estávamos fazendo nada demais, mãe. Só guardando a TV velha.
– Sei. Só estavam confundindo a minha casa com um antro de perdição, isso sim. Ensinei estas coisas pra você?


André e Carol preferiram não dizer nada, em respeito à idade dela. Sabiam obedecer a ordens e quem mandava naquela casa era Dona Marta.



– Esses maus costumes você aprendeu na cidade grande.  Que vergonha! Vão já dormir. Amanhã, sob a minha supervisão, vocês dão um jeito na TV. E se eu ouvir algum barulho suspeito, eu nem sei do que sou capaz.
Dona Marta falava enquanto o jovem casal ia para o quarto.



Ao voltar para o quarto, e após se arrumar para dormir, Dona Marta e Seu Pedro conversaram:


– Porque desceu e não veio logo?
– Aquela mulher está colocando o nosso menino no mau caminho. Escreva o que estou te dizendo. Os dois estavam agora mesmo confundindo o nosso corredor com outra coisa.
Seu Pedro nada disse, mas pensou: “O garoto puxou a mim. Ele é que deve estar colocando a menina em mau caminho. Grande garoto!”.
Dona Marta continuou:


– Me conta uma coisa, Pedro: por que você não deixou o menino vencer nem uma só vez? Tadinho do menino. Ficou tão triste.
– O moleque do André já tem ego inflado. Precisa saber que nem sempre a gente ganha na vida.
– Que orgulho de meu maridinho! Sempre ensinando lição de moral ao filho.


Pedro estava feliz por ela ter se esquecido de colocar pepino sobre os olhos.  Acabou se esquecendo de se incomodar com a máscara facial de Marta.




Velhas paixões


Naquela noite, mas em outra cidade, Eduardo Couto, antigo técnico do Esporte Clube Vale Desiderata (ou EC Vale Desiderata; ou apenas Desiderata para os torcedores), maior rival do Colinas Formosas FC, lembrava de sua antiga paixão: Marta.

   
Quando Marta era solteira, Eduardo tentou se aproximar da jovem, mas sem muito sucesso. Ele imaginava que era por viverem em cidades diferentes. E ela nem era linda de morrer, mas tinha muito charme, porte de rainha e um sorriso misterioso que sempre o cativara, mesmo após ela ter se casado com outro.


Ela preferiu o idiota e pobretão do Pedro do que a ele, que era bonito, rico, culto e bem-nascido.  



Ver o grude dos dois juntos dava até nojo!


E Eduardo ainda tinha que tratar o outro bem e aparentar ser esportivo, ser amigo dos dois...


...sendo que, na realidade, Eduardo queria mesmo era mostrar ao outro como agia um homem de verdade, e Marta poder ver, com os próprios olhos, o quanto Pedro era fraco.


Eduardo chegou a casar e a ter filhos, mas agora que estava viúvo, chegou a hora de ter o que deveria ser seu.


Não importaria o que custasse.





Preparação


A manhã do dia da festa começou normal. Visita do carteiro, conversar, arrumar as compras, preparar o almoço... Era bom ter um dia comum para variar.


Carol se lembrava de que nem sempre tinha sido assim, mas achava melhor manter o passado esquecido.


À noite, antes da festa, Seu Pedro viu Dona Marta se arrumar e, ao fim do ritual de beleza dela, Seu Pedro disse:


– Está linda. Como sempre! – Seu Pedro nunca confessaria, mas tinha uma alma sensível e romântica. Por isso, nunca conseguiu enxergar a esposa como feia, mesmo nos momentos em que estavam brigados, e que eram muitos.
– Mesmo? Acho que são seus olhos. Você não usa óculos.


– Deixa eu te provar o quanto enxergo bem.


No quarto ao lado...


– Agora sim está arrumado. Que lindo! Acho que desta vez sua mãe vai me elogiar por cuidar bem de você.


Apesar de tudo, Carol queria ser aprovada por Dona Marta. No íntimo, ela queria ser benquista por todos.
– Mas você nem começou ainda. Vai se atrasar.


– Nunca me atrasei antes e não será hoje. Me aguarde lá embaixo. Em 20 minutos desço mais do que pronta.


Carol já tinha tomado banho, se maquiado e separado a roupa, mas desejava fazer uma surpresa. 


Após receber as dicas de Seu Pedro, tinha adquirido um perfume exclusivo. Era diferente do que ela costumava usar, mas ela realmente tinha gostado daquele. E, se tudo desse certo, André não olharia para mais ninguém além dela. Se bem que ele nunca demonstrou interesse em outra, mas depois da paixonite de Rosa, todo cuidado era pouco.


Na sala...


– Reprise de “A volta do Coelho Social”! Nunca mais assisti a esse filme. Que legal! Queria tanto ver o Coelho Social quando menino – Seu Pedro vibrava.
– Você parece criança, às vezes. Coelho Social não existe – Dona Marta falava.
– Você também gostava dele. Vamos assistir uma parte do filme. Será que eu acho na internet? Se sim, tomara que a internet chegue logo aqui para eu baixar e assistir todo.


– Ela está demorando muito. Vou lá. – André declara sua opinião.
– Ela disse que levaria quanto tempo?
– 20 minutos.


– Por favor! Nem levou 15 minutos ainda. - Seu Pedro disse.
– Mulheres precisam de pelo menos 2 horas para se arrumar. – Dona Marta completa. – Vai ter gente de fora. Acho que você vai encontrar outras pessoas além das que já conhece, filho.


E, quem sabe, uma mulher mais adequada para você e que saiba o que é pontualidade.
Desde aquela tarde, André tinha um pressentimento de que algo ruim aconteceria. Ele esperava que fosse apenas a demora da esposa.
– Vou lá em cima ver.


Antes de subir, teve uma bela visão de um par de pernas conhecidas descendo as mesmas escadas que pensava subir antes.


André estava boquiaberto e sem palavras ao vê-la passar.


– E então? O que achou? Gostou?
Palavras como “linda”, “exuberante”, “maravilhosa”, “deslumbrante”, “fascinante”, “deusa” e “gostosa” chegaram a passar pela cabeça de André, mas ele já tinha escolhido as palavras para responder:
- Gostei, mas ficaremos em casa. A festa foi remarcada.
Ele sabia que vários homens – incluindo o eterno solteiro Léo, o viúvo André (seu xará) e o recém-divorciado Gabriel – estariam lá e não queria saber daquele decote sendo visto por outros além dele próprio.


– Que hora? 
– Ligaram assim que eu desci. Aconteceram uns problemas com a banda convidada e por isso remarcaram.
– De última hora? E desde quando uma banda é motivo para cancelar uma festa de futebol, já que o evento não é apenas o show da banda?
– Sei lá! Só que sei que foi assim.


Seu Pedro não aguentava mais aquela conversa. Já tinha entendido a ideia do filho.


– Esqueci de te avisar, filho: depois que você atendeu e foi ao banheiro, ligaram de novo mantendo tudo de pé. Alguns instrumentos foram extraviados, mas já arranjaram outros para substituir. A banda vai tocar e a festa vai acontecer.


– Mudança rápida de informações, não é?


– Eu que o diga. Eu que o diga!







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8 comentários:

  1. AMEIIIII!!!!! Muito bom! A Carol ficou linda! E espero que dona Marta amoleça logo esse coração! Uahauahauaha
    Muito bom :)

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    1. Eu também espero que Dona Marta mude. Mas de certa forma, parte do charme de Dona Marte é a rabugice. Ela acaba sendo engraçado com tanta implicância!

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  2. Eu ri muuuuuuito de D. Marta pegando os dois aos beijos na sala dela. Kkkkkkkkkk... Ela é engraçada demais! Ranzinza! :D
    Muito engraçado tb ela dormindo com a máscara! \o/
    E esse Eduardo Couto, hein? Com certeza vai aprontar! E D. Marta mais jovem era bem bonitinha! E estou super curiosa para ver como ele pretende “ter o que é dele de volta”!
    E eu adoro ver as várias fotos de Seu Pedro com a esposa nas paredes!
    Noooossaaaaaaaaaa!!! Carol ficou linda demaaaaaaais com essa produção! Super sexy no vestido vermelho! \o/ :)
    Mal posso esperar pela continuaçãooooo!!!
    E parabéns, Déa!!! Arrasouuuuu!!! \o/ :D S2

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    1. Que bom que tenha gostado. André também a achou super sexy, mas ainda bem que a produção dela foi salva por Seu Pedro.

      E Eduardo realmente vai aprontar. Vamos aguardar. :)

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    2. E as fotos é porque o quarto é o refúgio de amor deles. É o local onde eles nunca brigam, não importa o tempo.

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  3. Essa Dona Marta nunca muda hein?! mas, como ela ficou bonita naquela roupa, eu gostei do look da Dona Marta, e a Carol? sem palavras para ela, muito linda! o André é um cara de sorte, ele tem que cuidar da mulher linda que ele tem. Não gostei desse Eduardo Couto, espero que não apronte, eu adoro o Seu Pedro, é um velhinho gente boa. Parabéns Andrea, mais um capítulo lindo.

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    1. Sim, Seu Pedro é muito gente boa. Dona Marta não é do tipo "romântica", mas tem muito amor por ele.
      André que se cuide, memso: tem muito homem solteiro em Colina Formosa.
      Obrigada, Paty, pela leitura.

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  4. Amei. Ansioso pela festa!
    Essa dona Marta, viu! Acho que nunca vai mudar :P

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